A Jornada Multidimensional de A$AP Ferg: Da Música às Artes Visuais
Em uma conversa recente, A$AP Ferg se encontrou em um hotel ensolarado de Miami, onde estava participando da renomada feira Art Basel. Este evento não apenas celebrou seu envolvimento crescente nas artes visuais, mas também coincidiu com o lançamento de seu mais recente trabalho musical, o sétimo álbum de estúdio intitulado Flip Phone Shorty (2024), disponibilizado ao público na última Black Friday. “A recepção está incrível”, expressa Ferg sobre o novo álbum. “Foi libertador retornar à diversão musical após um projeto tão pesado anteriormente.”
Exploração Musical e Colaborações Notáveis
Refletindo sobre seu álbum anterior, Darold, de 2023, Ferg revela uma fase de intensa introspecção. Nomeado em homenagem a seu falecido pai, este trabalho se distinguiu por sua profundidade emocional e pelos arranjos orquestrais ricos em acordes gospel, criando uma paisagem sonora distinta e séria. Ferg admite que, após o peso emocional desse projeto, ele inicialmente hesitou em adotar novamente um estilo mais leve e trap. “Eu questionei se estava tudo bem fazer algo mais divertido”, comenta. “Mas eventualmente, segui meus instintos e mergulhei de cabeça.”
Um fator significativo que influenciou sua transição foi a colaboração contínua com Lex Luger, um produtor lendário no gênero trap. Durante o desenvolvimento de Darold, Luger enviou uma quantidade substancial de beats a Ferg, proporcionando uma vasta biblioteca de material para exploração futura. “A persistência de Luger foi inigualável”, reconhece Ferg, mencionando que cerca de 95% do novo álbum surgiu dessa parceria frutífera. A inspiração para essa colaboração se fortaleceu durante um show em Detroit, onde clássicos produzidos por Luger para artistas como Jeezy desencadearam uma casa de shows em euforia. “Precisamos de novo dessa energia”, decidiu Ferg.
Lealdade às Raízes Nostálgicas e Inovações Sonoras
O título do álbum, Flip Phone Shorty, evoca um sentimento de nostalgia dos anos 2000, refletindo os tempos em que celulares flip eram ícones de estilo. Para Ferg, esta não é apenas uma exploração superficial da nostalgia, mas uma jornada pessoal. “É uma viagem ao passado”, ele explica, referindo-se a seu eu adolescente com 14 ou 16 anos. Este jovem usava jeans Girbaud, jaquetas Pelle Pelle e bonés oversized. Ele reinterpreta essa estética para os dias atuais usando peças de estilistas contemporâneos como Yohji Yamamoto e Telfar, adaptadas com uma modernidade funcional.
Musicalmente, o álbum é uma homenagem ao trap clássico de Luger, mas não sem inovações. Com a contribuição de Taavi como coprodutor, novos elementos eletrônicos foram incorporados, conectando o passado ao presente. “É o trap nostálgico que todos conhecem e amam, mas com adições surpreendentes”, descreve Ferg, destacando a mescla de familiaridade e novidade.
A Expansão para o Mundo das Artes Visuais
Além da música, Ferg continuou a explorar suas raízes artísticas nas artes visuais, um interesse cultivado desde cedo sob a influência de seu pai, Darold Ferguson Sr. Conhecido por seu trabalho com a boutique Ferg Apparel no Harlem, Ferguson Sr. deixou um legado de criatividade que Ferg honra. “Cresci vendo meu pai criar arte”, comenta Ferg, situando-se como um herdeiro dessa tradição.
Nos últimos anos, Ferg se dedicou à pintura, emprestando seu talento para criar as capas de seus álbuns recentes. Sua primeira exposição solo, CHOSEN, foi realizada em Nova York e marcou um ponto de virada em sua carreira artística. Além disso, Ferg colaborou com a UGG para transformar um edifício em um evento interativo que incorporou suas obras. “É uma nova forma de conexão”, observa Ferg sobre o público diverso que suas exposições artísticas atraem.
Refletindo sobre suas realizações ao longo de quase 15 anos desde o surgimento do A$AP Mob, Ferg expressa uma gratidão profunda por sua trajetória multifacetada. “Trabalhei com uma grande variedade de artistas de diferentes gerações”, ele diz. “Nunca imaginei seguir carreira como rapper”. Contudo, essa vocação, alimentada por uma paixão sincera pelo rap, acabou se tornando seu destino. Com uma nova determinação, Ferg contínua sua missão de trazer de volta a energia vibrante que definiu a era das baladas dos anos 2000. “Queremos agitar novamente”, afirma com entusiasmo.
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Fonte: Rolling Stone Brasil


