Orgânico, minimalista, autoral, local. Estas são quatro palavras que podem definir a risca o Koré, novo restaurante com um conceito ainda pouco conhecido da maioria dos brasileiros e que abriu há cerca de três meses em Curitiba.
Voltado à “gastronomia de produto”, como define o chef Jaime Spazzini, o Koré se inspira no nome indígena da Capital paranaense para ajudar na imersão dos hóspedes do hotel Qoya à cultura local.
O local abriu após mais de um ano de reforma do antigo Four Points by Sheraton, na Avenida 7 de Setembro.
Ambos funcionam praticamente entrelaçados, pois foram pensados juntos pela HCC Hotels para trazer um novo conceito de hotelaria e gastronomia à cidade.
É um hotel boutique sem efetivamente ser – esbarra na grande quantidade de quartos, 64 leitos. Mas, se classifica como um “upscale”, o primeiro de uma nova bandeira.
Spazzini conta que a gastronomia começou a ser planejada desde o início da concepção do hotel. Ou seja, um complementa o outro.
“Ambos seguem o mesmo conceito autoral tanto nos quartos como nos pratos, de linhas orgânicas e minimalistas, onde valorizamos o regional da louça (feita pela paranaense Poteria Oficina Cerâmica) à comida.”, conta.
Ao se comparar o que eram os antigos lobby e restaurante do Four Points ao novo Qoya – e ao Koré, no mezanino – , é fácil perceber a mudança completa de conceito.
Tudo é mais leve e fluído, com mobiliário simples e o uso de tons claros como branco e um leve bege.
Gastronomia de produto
Feita a introdução, pois a experiência do Koré começa já na entrada do Qoya, é possível explicar o que é a gastronomia de produto idealizada pelo chef Jaime Spazzini.
Diferente de um cardápio tradicional de restaurante de hotel, com preparos “coringas” como mignon ao molho madeira, estrogonofe de carne, alguma massa e um salmão, o Koré aposta em um menu totalmente autoral de inspiração local. Não, o cliente não vai encontrar o barreado ou a tainha na brasa.
“Não quero concorrer com restaurantes de Morretes, por exemplo. Muito pelo contrário, quero que os hóspedes viagem até lá para conhecer estes pratos.”, conta Spazzini.
A inspiração local que ele pratica é no uso de insumos frescos e nada de congelados. Há o tão conhecido porco Moura em um preparo de costelinhas suínas com demiglace, tucupi, alho negro, purê de abóbora defumada e crocante de milho (R$ 98), um dos campeões de venda no pouco tempo de funcionamento; e o peixe branco do dia com missô, creme de feijão e requeijão (R$ 115), da Trapiche Pescados
Este prato, aliás, ainda não caiu nas graças dos clientes, mas é uma sugestão praticamente obrigatória do chef.
Ele sugere, ainda, o gnocchi de mandioquinha com creme de cogumelos frescos (R$ 89) que, embora seja um prato vegetariano, agrada a todos os paladares.
“Em outro preparo, como a alface amanteigada com flores, vinagrete de cevadinha e castanhas, fazemos um glacê com laranja e mel de abelhas Jataí (R$ 69), do litoral do Estado. Buscamos tudo de produtores próximos.”, explica.
Isso também está na linha de sobremesas, como a cheesecake de erva mate com pérolas de cachaça (R$ 30) e o creme de chocolate com esponja de cumarú, doce de leite e mel de Jataí (R$ 35).
Como os pratos dependem de insumos frescos de produtores locais, os preparos podem ter algumas variações.
“Dependemos do tempo da natureza.”, diz Jaime Spazzini. Para acompanhar as estações do ano, o cardápio deverá passar por pelo menos quatro mudanças, acompanhando os alimentos de cada época.
Além do almoço e jantar
O mesmo conceito de origem do cardápio também vai ao café da manhã (R$ 90), onde tanto hóspedes como clientes externos podem provar preparos que também saem do comum. São 27 opções doces e salgadas servidas no formato de bufê ou a la carte.
“Temos muitos embutidos produzidos localmente, pães de fermentação natural, manteiga temperada, geleia da casa… É uma variedade menor se comparada ao café da manhã de outros hotéis, mas com muito mais qualidade.”, explica o chef.
Há, por exemplo, o preparo de Ovos Benedict sobre brioche com molho holandês, peito de peru e rúcula; o omelete de polvo com batata e botarga (uma ova de peixe conhecida como “caviar brasileiro”); o Club Vegano, com pão de fermentação natural acompanhado de tomate, alface, pepino, abobrinha grelhada e maionese vegana, entre outros preparos.
Por outro lado, diferente de seu antecessor, o Koré não serve feijoada aos sábados. A tarefa fica a cargo do irmão Rádisson, quadras à frente.
Além do restaurante, o lobby bar do Qoya também segue na linha autoral-minimalista-regional, com uma carta de drinques criada pelo bartender Lucas Siqueira utilizando ingredientes locais.
Entre eles, o Francis the Mule (R$ 50) leva um blend de limões com xarope de laranja e whisky; e o mocktail Mate Fizz (R$ 30), com mate orgânico, xarope de cardamomo e extração de capim-limão.
Serviço
Koré Restaurante e Bar – Qoya Hotel Curitiba
Av. Sete de Setembro, 4211, Batel. Café da manhã de segunda a sexta, das 6h às 10h; sábado, domingo e feriados, das 6h às 10h30. Almoço e jantar são servidos diariamente, das 12h às 22h. (41) 3340-4000.
Fotos: Gabriel Ramos.
Com informações da Gazeta do Povo.