O melhor peixe salgado do mundo é o Bacalhau da Noruega. O país nórdico, que é um dos maiores produtores do pescado no planeta, se orgulha de sua maior riqueza que, além da fama, é também uma commoditie que impulsiona a economia local, gerando receita com as importações para quase todo o mundo e empregando várias gerações de pescadores há séculos.
A qualidade do pescado dos mares frios do Polo Norte está na pureza de suas águas, o que garante às espécies – especialmente ao Gadus morhua, considerado o único e nobre bacalhau do mundo, – as condições naturais para o seu desenvolvimento.
Aliado a isso, está a pesquisa e o desenvolvimento sustentável da pesca de peixes e outros frutos do mar. Sistemas de rastreabilidade, por sua vez, permitem o levantamento de informações valiosas sobre os peixes em toda a cadeia alimentar.
Assim como o bacalhau, o salmão, o hadoque e o arenque, além de outros víveres marinhos, também são pescados do mar gelado do Ártico e consumidos pelas bandas de lá.
Mas, é o bacalhau o rei dos peixes noruegueses. O pecado, para nós, que só importamos de lá os peixes salgados, é que não temos a oportunidade – por questões logísticas de transporte – de apreciarmos por aqui o Gadus Morhua fresco, que é de um sabor inigualável. Esse continua sendo um privilégio deles.
Muito embora sejam grandes produtores, os noruegueses não são especialistas em culinária típica. Nem com os pescados frescos nem com o peixe salgado. Ou seja, eles não têm nenhuma receita genuína de bacalhau para chamar de sua.
A única receita local, que pode ser encontrada em restaurantes turísticos do país, é “importada” de Viscaia, região do País Basco, na Espanha, e é preparado com molho de tomate, pimentão, salsa e tem gosto duvidoso. Ou melhor, não tem gosto. Pelo menos para o nosso paladar acostumado com temperos mais consistentes.
O descaso culinário com seu maior produto não chega a ser um pecado, afinal, come-se muito bem na Noruega. Mesmo em cidades pequenas, como Tromsø ou Alesund (de cerca de 70 e 40 mil habitantes, respectivamente), é grande a variedade e a excelência da gastronomia local.
No caso do Gadus Morhua, o autêntico bacalhau fresco ou salgado, por exemplo, é muito consumido por lá. De pizzas a sopas, vale tudo na hora de valorizar o produto que é quase uma marca registrada do país.
Isso sem falar nos “japas” locais, como o Zumma, em Alesund, cujos pescados fresquíssimos e de excelente qualidade garantem sushis e sahimis de excelência.
Tudo pilotado por jovens chefs locais ou que se mudaram para lá, que sabem aproveitar bem a maior riqueza do país: o pescado.
Um dos países mais ricos do mundo, a Noruega tem um povo que não é chegado ao consumismo como o resto do mundo, mas os nórdicos gostam de investir no paladar.
Das cozinhas dos restaurantes saem pratos sofisticados e que refletem não apenas o preparo e domínio de técnicas pelos chefs, como revelam que, assim como no design, eles são campeões em criatividade.
Só não ouse deixar o restaurante com o copo de bebida alcoólica na mão para tomar um vento na rua. Logo chega um garçom apavorado para lhe tomar a bebida das mãos.
É proibido beber nas ruas da Noruega. A multa, para a pessoa, não para o estabelecimento, pode chegar a três mil coroas noruguesas, o equivalente a R$ 1,5 mil.
Embora sejam bons de copo – os bares e restaurantes vivem lotados – as restrições ao consumo de bebida alcoólica são rigorosas. Raros são os lugares onde é permitida a venda de álcool depois das 18h. Mesmo em Oslo, a moderníssima Capital do país.
Já a comida, é farta e de boa qualidade mesmo nos lugares mais simples. Se é que podemos chamar de simplicidade a vida por lá.
Os noruegueses gostam de comer bem. Que o diga a cozinha do restaurante Apotekergata 5, em Alesund, comandado pelo chef Stig Stromsvag, considerado um dos melhores do país.
Esta é uma das boas novidades da atual safra. O restaurante fica no Hotel Brosundet, cujas janelas dão para o mar e é um dos mais disputados da cidade.
Vale ressaltar que o restaurante foi quem impulsionou a instalação do hotel no lugar e é onde se prepara o bacalhau fresco mais saboroso da região, servido com batatas inglesas. Divino!
O chef Stromsvag é popular na Noruega e gosta de brincar com os pratos tradicionais do país (sim, existem) como o klippfisk (peixe clip numa tradução livre) com os sveles, pequenas panquecas, trocando a manteiga e o açúcar por coberturas salgadas a base de caviar e salmão defumado.
Açúcar, por sinal, não é muito a preferência deles. As sobremesas, geralmente muito bem elaboradas, não são muito doces. Ao contrário, o teor de açúcar é pequeno o que torna a guloseima mais leve e bem mais saborosa.
Também nativo da Noruega, assim como o Gadus Morhua, o salmão norueguês é um dos melhores do mundo, mas ainda não podemos experimentar nos trópicos.
Um acordo firmado entre os países membros do Mercosul nos obriga a consumir este pescado apenas do Chile, o que é um pecado mortal, considerando que a qualidade, a pureza e o sabor do salmão dos nórdicos é infinitamente superior ao sul-americano. Coisas do Brasil que o governo noruguês tem se empenhado muito para quebrar essa regra.
Voltando à gastronomia local, caso você esteja em busca da Aurora Boreal em Alesund – região onde o fenômeno é mais comum – não deixe de visitar o BRO Coastal Gastronomy e experimentar um dos menus degustação servidos lá.
O restaurante, além de lindo, é um dos melhores da Noruega. Foi lá onde experimentamos pela primeira vez o Gadus Morhua fresco com ovas de salmão e folhas. Perfeito!
Voltando à gastronomia local, caso você esteja em busca da Aurora Boreal em Alesund – região onde o fenômeno é mais comum – não deixe de visitar o BRO Coastal Gastronomy e experimentar um dos menus degustação servidos lá.
O restaurante, além de lindo, é um dos melhores da Noruega. A casa, com design moderníssimo, uma das características da Escandinávia, também aposta em menus de três a sete etapas, mas os pratos podem ser pedidos individualmente também, como o salmão fresco que é um dos melhores do país.
Vale ressaltar que a fama de frios dos nórdicos deve ser aplicada apenas aos pratos, porque o atendimento é sempre simpático e as equipes de salão, na maioria das casas, faz questão de explicar as criações dos chefs, tim tim por tim tim, o que não deixa de ser uma delicadeza, tratando-se de uma cozinha pouco conhecida por nós.
No Mathallen, localizado em Tromsø, o chef Gunnar Jensen, oferece uma cozinha contemporânea de cair o queixo.
Então fica a dica quando decidir conhecer a Noruega, não deixe de colocar no seu roteiro a contemporânea gastronomia local.