Quase 11 anos após sua última passagem por Curitiba, Suicidal Tendencies retornou a capital paranaense com a turnê Nós Somos Família, que começou no dia 12/07 no Rio de Janeiro, 13/07 em São Paulo e passando nesse último domingo (15/07) em Curitiba,contando com um lineup especial, incluindo Bayside Kings, Eskröta e os curitibanos do Mustaphorius como bandas de abertura.
Com mais de quarenta anos de carreira e ainda lotando casas de shows por todo o mundo, o Suicidal Tendencies sempre se destacou como uma das bandas mais influentes do punk e do thrash metal. Sendo um dos percursores da junção do Metal com o Punk e também uma das primeiras banda Punk a tocar na consagrada MTV no início dos anos 90. Eles defendem até hoje a igualdade, bandeira do skate rock e continuam impactando até mesmo as novas gerações mesmo após todos esses anos.
Underground em peso
Realizando um sonho de abrir para o Suicidal Tendencies, os curitibanos do Mustaphorius, com seu Thrash Metal/Crossover, foram responsáveis pela abertura da noite. Formada em 2008, a banda aborda em suas letras temas como resistência, feminismo e antifascismo. Mantendo-se ativa até hoje, conquistam o público com sua música potente, influenciada pelo punk, hardcore e thrash metal. Seu álbum mais recente, “Homem Horrível”, reflete a paixão pela música e sua postura crítica diante de questões sociais.
Mesmo sendo a banda de abertura e começando relativamente cedo, o público do underground Curitibano chegou em peso para conferir o som, liderado por Jhow nos vocais, Dudu na guitarra, Fabio no baixo e André na bateria, o Musta entregou um show destruidor, principalmente por sua conexão com os amigos presentes e a mensagem de suas letras combinado com seu som veloz
Setlist Mustaphorius
- Disturbio Mental;
- Ganância;
- Arte Marginal;
- Câncer Humano;
- Políticos x Pastores;
- Homem Horrível;
- Fodido e Solitário;
- RxFxOxB;
- Sangue Suga
Após o show insano do Mustaphorius, chegou a vez das meninas da Eskröta, banda de Thrash Metal/Crossover do interior de São Paulo. A banda ganhou bastante destaque a partir de 2017 com letras que abordam temas de resistência, feminismo e antifascismo.A banda foi criada com a proposta de ser liderada por mulheres, apresentando o som agressivo do crossover thrash, abordando temas como empoderamento feminino e letras em português. Seu último álbum lançado em 2023 intitulado “Atenciosamente, Eskröta” , há uma colaboração especial na música “Pertencer e Conquistar”, com Milton Aguiar, vocalista do Bayside Kings.
Setlist Eskröta
- Grita;
- Playbosta;
- Cena tóxica;
- Episiotomia;
- Não entre em Pânico / Exorcist in the Pit;
- Homem é assim mesmo;
- Mosh feminista;
- Eticamente questionável;
- Instagramável;
- Carrie;
- Mulheres;
Com a casa mais cheia e o clima esquentando para a pancadaria que iria vir com o Suicidal, sobe ao palco o quarteto santista de punk hardcore BAYSIDE KINGS. A banda mistura elementos de hardcore tradicional com influências modernas, criando um som pesado e única. A banda é conhecida por sua postura ativa na cena underground, apoiando outras bandas e participando de eventos comunitários.
Eles são frequentemente vistos em festivais de hardcore e metal, onde sua performance e a conexão com o público é capaz de dar inveja até nas maiores e mais veteranas bandas da cena. Apesar do frio e garoa típica do inverno Curitibano, isso acabou não atrapalhando, mas sim ajudou ainda mais no moshpit, que foi presente do início ao fim da apresentação energética da banda, contando até mesmo com Milton Aguiar subindo na grade para cantar junto com a galera.
Setlist Bayside Kings
- My freedom;
- The underdog;
- Get up and try again;
- Power of change;
- Ronin;
- Pare(ser);
- (Des)obedecer;
- Miragem;
- O que você procura aqui?;
- Todos os olhos em mim;
- Entre a guerra e a paz;
- Resistance;
- Miles and miles away;
- Existência;
Suicidal Tendencies e sua energia imparável
Após os shows destruidores do Musta, Eskrota e Bayside, chegava mais perto do grande momento da noite e um dos shows mais esperados pelos fãs de hardcore punk e crossover thrash, afinal, a última passagem do Suicidal por Curitiba foi em 2013, 11 anos atrás. Perto das 20:30, Dean Pleasants gentilmente subiu ao palco para dar os ajustes finais em seu equipamento, assim que os fãs perceberam ele na frente do palco, começou o famoso coro “ST”.
Poucos minutos após os ajustes finais é inciado a introdução de “You Can’t Bring Me Down” do clássico álbum “Lights…Camera…Revolution”, levando o público a loucura e também abrir o moshpit mesmo antes da música começar de fato. Tudo literalmente vai para os ares quando Mike Muir sobe ao palco usando sua emblemática bandana com boné de aba reta e faz a pergunta que todo fã de Suicidal sempre sonha em ver ao vivo: “Curitiba, What the fuck is going on around here?” e é dado inicio a um dos shows mais insanos que ja presenciamos no Tork N’ Roll.
Ainda sem dar um momento de fôlego para os fãs na noite fria de domingo com Mike correndo de um lado para o outro do palco Dean da início a “Lost Again”, também do álbum “Lights…Camera…Revolution” seguida pela frenética “I Shot the Devil” do primeiro álbum da banda, música que apesar de ter menos de 2 minutos, fez até mesmo o Mike “dar um tempo” e anunciar “Send Me Your Money” seguida da clássica e uma das mais famosas músicas da banda “War Inside My Head”.
Conexão com o Underground Brasileiro
Apesar de já ter 61 anos com Mike não parou um minuto, sempre correndo de um lado para o outro do palco e incentivando o pessoal a se quebrar no mosh como se fosse o seu último dia de vida, seguido pela energética “Memories of Tomorrow”, “Freedumb” e mantendo o nível de músicas clássicas da banda com “Subliminal”, “Possessed to Skate” e “Lovely”. Após um setlist extremamente frenético e recheado de clássicos da banda, chegou um dos momentos mais legais da noite, onde Mike chamou os integrantes das bandas que abriram a noite para todos cantarem juntos no palco “Nós somos família“, que é a versão versão em português de “We Are Family“.
Mesmo com Mustaphorius, Eskrota e Bayside Kings no palco junto com Suicidal, a noite ainda guardava uma bela de uma surpresa, mas antes, já na reta final do show, foi dado inicio a “I Saw Your Mommy”, “Cyco Vision” e a longa e belissíma “How Will I Laugh Tomorrow”, que tem mais de 6 minutos de puro hardcore.
Encerramento Explosivo com a Invasão dos Fãs
Quem é fã de longa data sabe que shows do Suicidal Tendencies e da maioria das bandas de Hardcore/Crossover é marcado por um público extremamente leal e energético, e dessa vez não foi diferente. No inicio de “Pledge Your Allegiance” Mike deu a deixa para alguns fãs subirem ao palco, pegando de surpresa até os segurança da casa que estava na frente do palco, que não contavam que não só alguns fãs iriam subir ao palco, mas sim que dezenas de pessoas iriam pular a grade para subir e gritar “ST” junto com a banda.
Apesar da ótima experiência para quem subiu ao palco juntando com a paciência, carisma e conexão com o público, a “invasão” do palco veio com um pesar, a banda não conseguiu tocar “institutionalized”, que estava programado para encerrar o setlist.
Suicidal Tendencies Setlist:
- You Can’t Bring Me Down;
- Lost Again;
- I Shot the Devil;
- Send Me Your Money;
- War Inside My Head;
- Memories of Tomorrow;
- Freedumb;
- Subliminal;
- Possessed to Skate;
- Lovely;
- Nós somos família;
- I Saw Your Mommy;
- Cyco Vision;
- How Will I Laugh Tomorrow;
- Pledge Your Allegiance;
Apesar de ja estarem na casa dos 60 anos, Dean Pleasants e Mike Muir mostraram que mesmo com o sucesso gigante da banda, as suas raizes ainda estão no underground, principalmente pelo fato de que a banda atendeu praticamente todos os fãs que subiram no palco, tirando fotos, dando autográfos e até trocando algumas palavaras e abraços. Fora os 2 membros clássicos da banda, essa turnê marca a estréia da nova formação com Jay Weinberg (ex-Slipknot) na bateria e também Tye Trujillo que é filho do baixista do Metallica, Robert Trujillo que tocou no Suicidal de 1989 até 1995.
Os fãs curitibanos, que aguardaram mais de uma década por este retorno, foram recompensados com um show inesquecível que certamente ficará gravado na memória de todos os presentes. Suicidal Tendencies provou que, mesmo após quatro décadas de carreira, continuam a influenciar e incendiar palcos ao redor do mundo, mantendo viva a chama do punk e do metal.
Fotos por Alan Ferreira