Natureza e delícias locais tornam a Serra da Mantiqueira um destino sob medida para casais apaixonados e glutões. Confira algumas dicas.
Agora que o inverno chegou e as temperaturas despencaram no Sudeste, vamos combinar: friozinho pede lareira, montanha e gordices para aquecer corpo e alma.
Para não arruinar a silhueta e nem a conta bancária, montamos um roteiro completo de dois dias – suficiente para se relaxar e saborear o melhor da Serra Mantiqueira.
Dá tempo de descobrir azeites incríveis, comer embutidos e queijos curiosos, harmonizá-los com os vinhos locais e com o panorama das montanhas cheinhas de araucárias da região da Serra da Mantiqueira.
Entre os Estados de São Paulo e Minas há pelo menos meia dúzia de cidadezinhas charmosas que dividem o mesmo terroir.
A mais famosa (e óbvia) delas, é Campos do Jordão. Mas também há São Bento do Sapucaí, Gonçalves e Santo Antônio do Pinhal.
Nada que impeça um pit stop na Queijaria do Jordão, onde Manuel Barroso, português expert em microbiologia, homenageia sua terra com o Queijo do Jordão, um laticínio que tem a cara do ícone da Serra da Estrela, porém, ao invés de ser feito com leite cru de ovelha e flor de cardo (uma prima da alcachofra), utiliza leite de gado de Jersey, o que suaviza o paladar sem abrir mão da cremosidade.
No entanto, se a ideia for mesmo chegar com tudo, vale iniciar por um almoço no Donna Pinha. Belisquetes como a casquinha ou o bolinho de truta defumada são clássicos que antecedem perfeitamente pratos com o peixe fresquinho.
A depender da sazonalidade, a chef Anouk Migotto recorre a acompanhamentos como pinhões, alcachofra, frutas vermelhas e cogumelos.
Mas sempre há o arroz piaguí (o preto nativo, que aparece até na versão doce) e maracujá, molhos à base de queijos regionais, serviço acolhedor e barulhinho de riacho.
É natural que, após o almoço surja a necessidade de uma bela siesta, não é mesmo? Esta é a hora de se instalar numa hospedaria com charme e conforto, como a Pousada do Cedro.
Cada um dos seus dez lofts contam com king sizes convidativas, varanda com rede, lareira, ofurô e vista verde. Na área comum, há piscina e jacuzzi, sauna seca e úmida e spa – atividades que devem ser reservadas. Já ao redor, trilhas e cachoeiras podem ocupar o tempo livre.
Se depois de usufruir dessas experiências a preguiça bater, nem é preciso se dar ao trabalho de sair: o lugar dispõe de uma cantina particular, com massas caseiras frescas, caso do papardellini com ragu bovino e do scialatielli napolitano, pasta rústica com tomate, shitake, provolone e berinjela.
Sopinhas podem usar ingredientes da horta orgânica e acompanhar pães caseiros. Sobremesas podem abusar do mel igualmente produzido por lá!
Dali, vale esticar até o Sabiá. Ranqueado entre os 10 melhores azeites do mundo pela respeitada lista espanhola Evooluem, ele é fruto do sonho de uma jornalista e de um publicitário que trocaram a criação de gado de corte pela olivicultura e, desde 2018, colhem as safras nos aclives da Serra da Mantiqueira.
O carinho com as azeitonas de três variedades (as espanholas arbequina e arbosana e a grara koroneiki) resulta em óleos monovarietais puríssimos e em um blend especial, que podem ser provados com ajuda de um especialista in loco e, claro, levados na mala também.
Aproveite para colocar a aulinha de degustação de azeite em prática e siga para o Espaço Essenza. A 1.200m de altitude, trata-se de uma estância climática com produção de azeite, mas igualmente de ovos orgânicos, mel, morango, limão siciliano, trutas e videiras de Sauvignon Blanc, Shiraz e Cabernet Franc que, por sua vez, dão origem a vinhos de mínima intervenção.
Entre eles, o rosé acaba de ser premiado pela Decanter World Wine Awards 2022 como o melhor da categoria no Brasil. Um vinho fresco, com acidez agradável, uma joia para embalar a belíssima charcutaria caseira.
Sob os auspícios de Domenico Trocino, italiano da Calábria, dela se destacam itens como o speck (espécie de presunto cru, delicadamente defumado e curado por no mínimo oito meses) e o guanciale (iguaria feita com a bochecha do porco que dá origem a receitas dos molhos carbonara e amatriciana).
Juntos à autêntica linguiça calabresa, a azeitonas e ao pão de longa fermentação figuram degustações guiadas, mas também podem originar piqueniques sem pressa. Ambas as alternativas, importante dizer, precisam ser agendadas pelo telefone (12) 99687-3643.
Considerando que a boquinha não foi devastadora, uma saideira é mais do que bem-vinda, justa. Se for na Vinícola Villa Santa Maria no Vale do Baú, na vizinha São Bento do Sapucaí, certeza que ela será em grande estilo!
Em formação desde o início dos anos 2000, o complexo etílico-gastronômico oferece tours seguidos de degustação, caminhadas livres, piqueniques no meio dos vinhedos ou da mata, além de experiências na Bruschetteria da Villa, restaurante com ambientes distintos, que serve menu degustação, assim como tábuas de frios e bruschettas, tudo devidamente casado com os rótulos próprios.
Sob o nome de Brandina (homenagem à matriarca da família proprietária, a Carbonari), eles se dividem entre tintos, brancos e rosés à base de Syrah, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Sauvignon Blanc, Chardonnay e Viognier, vinificados em Minas Gerais, mas consumidos majoritariamente lá mesmo, apesar da charmosa lojinha física e do e-commerce.