No último domingo (31/03), o consagrado bar curitibano Blood Rock Bar recebeu a passagem da banda Torture Squad para escrever mais um capítulo de sua carreira com a Devilish Tour, entregando thrash metal do mais alto calibre para o público presente.
O evento iniciou com a abertura da banda de thrash metal autoral curitibano Royal Rage, entregando muita performance com drives potentes do vocalista Pedro Ferreira, a técnica inconfundível do baterista Tiago Rodrigues, os graves intensos do baixista Airton Senna e muita velocidade nas linhas de guitarra de Sol Perez, que capturaram a atenção do público desde os primeiros acordes.
Ficamos impressionados com tamanha técnica, agressividade e virtuosismo desde o início do show, anunciando que, de fato, são uma das principais promessas do gênero na atualidade e evidenciam a qualidade musical que segue sustentando a banda no cenário.
Setlist Royal Rage:
1. Evolve
2. Into The Abyss
3. Far Cry From Death
4. Feed The Herd
5. Your Brain Will Fall
6. Disease and Decadence
7. Raining Blood (intro)
8. Bloodlust
9. Lampião
10. Real Dolls
Na sequência, o momento tão aguardado pelos fãs acabava de começar: Torture Squad sobe ao palco e, de íncio, “derrubava” as paredes do Blood Rock Bar com uma verdadeira aula de thrash metal.
A Devilish Tour teve sua história marcada na cidade de Curitiba com Mayara Puertas consagrando muito além da expectativa do público com guturais poderosos, desde as notas mais graves e profundas até as mais agudas e cortantes, colocando a representatividade da mulher no metal extremo em ênfase nessa noite. A presença de palco de toda a “cozinha” da banda foi essencial para tornar inesquecível a experiência de vivenciar, de pertinho, o poder de uma das mais renomadas bandas brasileiras do gênero.
A mão pesada nas fortes linhas de baixo do Castor marcaram a sonoridade pesada da banda, junto com os riffs insanos de guitarra de Rene Simionato que levaram os fãs à loucura, além, é claro, da explosão marcada pelos pedais duplos e muita técnica entregues pelo mestre da bateria Amilcar Christófaro transformaram a noite em um verdadeiro culto ao thrash raiz, sustentando o legado memorável do Torture Squad pelos seus mais de 30 anos de estrada.
Setlist Torture Squad:
1. Hell is Coming
2. Flukeman
3. Buried Alive
4. Hellbound
5. Out of Control
6. Pull the Trigger
7. Sanctuary
8. Raise Your Horns
9. Murder Of A God
10. Area 51
11. Storms
12. Mabus
13. Chaos Corporation
14. The Unholy Spell
Entrevista com Mayara Puertas
Além da apresentação icônica da banda, tivemos o prazer de receber a vocalista Mayara Puertas em uma entrevista exclusiva com nossa redatora Amanda Misturini.
Confira o bate-papo:
Amanda Misturini: Boa noite, pessoal. Eu sou a Amanda Misturini, uma das redatoras aqui do Partiu Rolê CWB, e é um enorme prazer estar aqui hoje com Mayara Puertas, vocalista do Torture Squad que vai se apresentar aqui no Blood.
A primeira banda foi a Royal Rage, com uma abertura animal do show. Eu vou fazer algumas perguntas para ela em relação à banda, à história e também sobre a representatividade das mulheres nesse meio.
Boa noite Mayara, tudo bem?
Mayara Puertas: Boa noite, obrigada por me receber.
Amanda Misturini: O prazer é nosso. Desde novembro com a Devilish Tour em atividade e rodando por cidades desde Colômbia e com destino final o Summer Breeze Brasil, qual o seu sentimento em poder estar vivenciando cada cidade e cada público diferente nessa turnê?
Mayara Puertas: Olha, eu sinto que é só o começo. É o começo de um grande caminho que a gente vai percorrer com esse álbum. É um formato de show totalmente diferente que a gente tem feito antes, então ver a reação das pessoas assistindo Torture Squad, fazendo não só metal extremo, mas trazendo elementos progressivos na música, é bem diferente, e a recepção está sendo muito boa. Como você falou, a gente esteve na Colômbia em um grande festival como headliners, tivemos a oportunidade de se apresentar em grandes festivais como o Porão do Rock, que foi a primeira vez que subimos no palco com esse novo formato de show, e chegamos agora no Sul sendo muito bem recebidos aqui no Paraná (a minha família é daqui), então, sempre tem um sabor especial quando eu venho pra cá. E convivendo aqui na região paranaense, a gente sabe como que é, quem é alternativo, quem tem um estilo diferente, então, para mim, é muito satisfatório poder retornar à terra de origem da minha família, sendo quem eu sou, fazendo tudo que eu gosto, sem ter medo de mostrar quem somos.
Amanda Misturini: Que legal, muito bacana! Com quase 10 anos sendo vocalista de uma das maiores bandas de thrash metal do brasil e também sendo uma referência como figura feminina vocalista de metal extremo, estamos no último dia do mês da mulher, 31 de março. Qual seu melhor conselho para as mulheres que estão também no processo de conquistar o seu espaço na música num geral, não só no metal extremo?
Mayara Puertas: Bom, primeiramente você tem que fechar os seus ouvidos e olhos por que as pessoas falam ou pensam de você. Quem está fazendo esse tipo de música você tem que ter, acima de tudo, uma atitude muito forte, ser muito fiel ao seu desejo de fazer música, de se expressar através dela, e não ligar realmente por que as pessoas falam, isso eu acho que foi o que me levou mais longe sobre não dar ouvidos a quem tenta te colocar para baixo, quando dizem “você não é capaz”. Planejem-se e estudem muito, eu sempre estudei muito, quis fazer diversos tipos de vozes e acho que isso foi o que me fez obter destaque entre outras vocalistas, não fazer mais do mesmo e entender que a música pode ser um meio de vida para você. Ela não é somente um hobby, a gente tem hoje as maiores lideranças de bandas de heavy metal no Brasil que são mulheres, então nós trouxemos não só nosso talento, mas também muito profissionalismo, sabemos gerir muito bem nossas carreiras e é por isso que essas bandas estão despontando.
Amanda Misturini: Maravilha, perfeito. E como é para você manter o legado de Torture Squad após 30 anos de banda e diversas formações diferentes, tendo tocado em grandes festivais mundiais como o Wacken por três vezes, tendo dividido o palco também com gigantes do gênero como Overkill e Exodus?
Mayara Puertas: Pois é, quando eu fui convidada, eu já conhecia todo esse background do Torture Squad e isso com certeza me fez sentir muito lisonjeada. Foi um voto de confiança em saber que, se uma das grandes bandas do cenário estava acreditando no meu trabalho, eu não tinha que duvidar disso nunca, e não se trata apenas de manter um legado, mas de escrever uma página nova da história Torture Squad. São quase 10 anos dessa formação, é uma das mais longíquas – se não me engano é a formação que durou mais tempo com os membros sem modificar – então isso causa uma sintonia, gera uma cumplicidade que se reflete no palco e nas músicas também. A gente lançou esse disco e muitas portas já se abriram, assinamos com uma gravadora europeia, tivemos a confirmação no Summer Breeze, a agenda tá fervendo e é só o começo – como falei -, e nós já temos planos para outros discos, então isso nunca vai parar. Acho que a “receita Torture Squad” justamente é ter uma constância de lançamentos de trabalho, são 30 anos sem parar, 30 anos de turnês, ensaios e composições, então eu fico muito feliz de fazer parte dessa nova página Torture Squad e poder ser uma representante mulher fazendo parte desse legado.
Amanda Misturini: Muito incrível! Obrigada pela sua colaboração com a gente hoje aqui. É muito importante vermos a imagem da mulher em cenas de metal extremo – em bandas de metal extremo – fazendo shows pelo Brasil inteiro e fora do país também principalmente, porque assim conseguimos ver a força da mulher brasileira exportando isso para outros países. Muito obrigada, Mayara. Parabéns pelos quase 10 anos de banda e também pela turnê Devilish Tour.
Mayara Puertas: Muito obrigada. A gente sabe que as “minas” estão em todas as esferas do mercado musical, isso faz parte também de um trabalho de divulgação do cenário, de outros músicos, então nós estamos na produção, na equipe técnica, na imprensa, na mídia… ocupamos a música realmente em todos os aspectos. Então, parabéns e um beijo pra todas as meninas que estão assistindo a gente.
Amanda Misturini: Obrigada, pessoal, e até mais.
Blood Rock Bar
O Blood Rock Bar, com sua atmosfera especialmente voltada aos fanáticos por metal, mostrou ser o lugar ideal para cultuar um evento do mais alto grau de qualidade sonora, como a que foi presenciada na noite de ontem (31/03).
Importante destaque também à organização do evento, liderada pelo sócio-proprietário do local Sergio Mazul, desde os stands de merchandising das duas bandas presentes até o ótimo serviço prestado pela casa, muito bem conhecido pelo ávido público que frequenta regularmente o bar.
Em suma, a noite de ontem no Blood Rock Bar foi um verdadeiro ritual de muito thrash metal de qualidade entregue por duas bandas renomadas do gênero, as quais os fãs assistiriam por mais duas horas seguidas o setlist de trás pra frente, se fosse possível. Em outras palavras, a celebração da turnê do Torture Squad, Devilish Tour, foi um absurdo! Com esse show, a última noite de março já se faz inesquecível na história do metal de Curitiba.
Fotos por Alan Ferreira
Resenha por Amanda Misturini e Jayson Bauer
Entrevista por Amanda Misturini