Após vários meses sem receber visitantes por conta da pandemia, Barcelona tem diversas lojas e hotéis fechados, até mesmo nos bairros e pontos turísticos mais famosos.
Devido à pandemia, a Capital catalã sofre com escassez de turistas. Enquanto alguns defendem a reativação do setor, críticos do turismo de massa perdem cada vez mais apoio.
Normalmente há tanta gente na catedral Sagrada Família que é praticamente impossível fazer uma foto sem turistas indesejados aparecendo.
Com quase 5 milhões de visitantes por ano, a Sagrada Família era a atração mais popular de Barcelona antes da pandemia de Covid-19.
A basílica também se tornou símbolo do boom do turismo de massa na cidade espanhola, que registrou um recorde de 14 milhões de turistas em 2019.
Entre 2010 e 2019, o número de viajantes que desembarcam no aeroporto de Barcelona saltou de pouco menos de 30 milhões para 53 milhões.
Mas nesse meio tempo, grande parte da população local se sentiu incomodada com o rápido crescimento do turismo, que de repente passou a obstruir o centro da cidade, elevando os preços dos imóveis e provocando protestos frequentes.
Agora, no entanto, a situação é diferente: a loja de souvenirs em frente à Sagrada Família está em liquidação. “Tudo por cinco euros”, diz uma placa na porta.
Numa rua adiante, há um restaurante, comandado por José Lorenzo há 20 anos. É hora do almoço. Antes da pandemia, todas as mesas estariam ocupadas.
Agora, só há um cliente no bar, tomando sua cerveja lentamente. Para Lorenzo, não há dúvida: quanto mais turismo, melhor para a economia. “É bom quando as pessoas vêm para cá – significa que elas gostam daqui.”, diz.
Tranquilidade no Bairro Gótico
Uma calma incomum também tomou conta do centro antigo. Antes da pandemia, multidões de turistas passeavam pelo Bairro Gótico em qualquer dia da semana.
Agora pode-se caminhar sozinho facilmente por uma de suas ruas estreitas e ouvir o eco dos próprios passos.
As consequências de tantos meses sem turistas saltam dolorosamente aos olhos de quem visita Barcelona: diversas lojas fechadas, até mesmo numa das ruas turísticas mais importantes da cidade.
“Depois de tantos meses sem atividade [turística] de verdade, a situação é crítica.”, disse à DW Manel Casals, diretor-geral da Associação de Hotéis de Barcelona, acrescentando que 40% dos hotéis permanecem fechados.
Em dias normais, durante o verão, havia uma média diária de 60 mil hóspedes nos hotéis da cidade. Este ano, contudo, são apenas 13 mil.
Muitos pontos turísticos em pequenas áreas
“O debate sobre o turismo de massa em Barcelona é exagerado.”, contrapõe o diretor de turismo, Xavier Marcé. “Nosso problema não é o número de veranistas, mas sim, a forma como eles se distribuem pela cidade.”
Em Barcelona, os pontos turísticos estão concentrados numa área muito pequena. Isso acaba gerando conflitos com os moradores e trazendo consequências indesejáveis, como o desaparecimento do varejo tradicional, explica.
No centro histórico, atualmente, há bairros inteiros apenas com lojas de souvenirs, restaurantes e hotéis. “Precisamos é de uma descentralização do turismo.”, comenta Marcé.