Curitiba voltou a receber uma noite brutal para o metal extremo nesta última sexta-feira (19), quando o Tork N’ Roll abriu novamente suas portas para o Death Metal, gênero que está cada vez mais comum de tocar na casa.
Dois anos após compartilhar o palco ao lado do Arch Enemy, em 2022, o Behemoth retornou à capital paranaense trazendo novamente seu show sombrio e brutal, reafirmando por que é um dos nomes mais influentes do death metal contemporâneo.
Desta vez, a noite ganhou um peso extra com a presença do lendário Deicide, pioneiro absoluto do death metal americano, além da abertura de Nidhogg, responsável por aquecer o público com o melhor do underground.
Nidhogg e seu novo projeto obscuro
Responsável por abrir a noite, o Nidhogg trouxe ao palco um projeto relativamente recente, mas já marcado por uma grande personalidade. Após integrar por mais de um ano a banda Wilczyca, o vocalista e compositor decidiu trilhar seu caminho solo, apresentando-se anteriormente na Polônia em parceria com o grupo em shows que destacavam principalmente o repertório da antiga formação. Agora, porém, a proposta é diferente: com composições próprias que farão parte do vindouro álbum Nidhogg – Narcissus, o artista mostrou uma nova fase de sua trajetória.

Apesar de quase ninguém no Tork conhecer sobre a banda, muitas pessoas acabaram chegando cedo para conferir do que se tratava esse novo projeto. Com um visual bem específico e um som que lembra uma mistura do Black Metal clássico com pitadas de algumas coisas modernas e death.
O grupo que atualmente está composto por alguns membros do Batushka entregou um show digno de abertura tanto para o Deicide quanto para Behemoth, principalmente pela sua teatralidade, onde o vocalista ainda aproveitou e mesmo com o corpo todo pintado, usou uma camisa do Brasil e fez uma pequena homenagem ao Sepultura.
Veteranos e pais do Death Metal
O Deicide, formado em 1987 na Flórida, é um dos pilares do death metal e referência absoluta do metal extremo mundial. Liderada pelo vocalista e baixista Glen Benton, a banda passou por algumas formações mas o seu legado ainda se manteve. Com álbuns clássicos como Deicide (1990) e Legion (1992), o grupo criou novos padrões para o genêro, principalmente pela sua postura controversa queinfluenciaram gerações de bandas posteriores.

Em contraste com as bandas que tocaram na noite, o show do Deicide não foi nada teatral, apenas direto e pesado, como o bom e velho Death Metal deve ser. Após uma pequena passagem de som no palco feito pelos próprios membros da banda, Benton só deu um sinal positivo e iniciou uma das minhas músicas preferidas da banda, When Satan Rules His World, do álbum Once Upon the Cross.
Apesar de lançar ano passado o álbum Banished by Sin, a banda escolheu a dedo um ótimo repertório, principalmente para fãs de longa data que acabaram não conseguindo ver a banda nas últimas passagens pelo Brasil. Indo desde clássicos como Once Upon the Cross, Sacrificial Suicide e Dead by Dawn até mesmo músicas do novo álbum. O set se mostrou certeiro justamente pela reação do público, apesar do Behemoth ser comercialmente bem mais famoso, mais da metade do Tork vestia camisas do Deicide, onde foi possível juntar até os “véios” mais tradicionais e rigorosos do Death Metal até mesmo a molecada que veio apenas para ver o Behemoth
Deicide Setlist
- When Satan Rules His World
- Carnage in the Temple of the Damned
- Bury the Cross… With Your Christ
- Behead the Prophet (No Lord Shall Live)
- Once Upon the Cross
- From Unknown Heights You Shall Fall
- Sacrificial Suicide
- Satan Spawn, the Caco-Daemon
- Sever the Tongue
- In Hell I Burn
- They Are the Children of the Underworld
- Dead by Dawn
- Homage for Satan
Behemoth e sua teatralidade profana
O Behemoth, fundado em 1991 na Polônia por Adam “Nergal”, é uma das bandas mais importantes do metal extremo contemporâneo. Inicialmente voltado ao black metal, o grupo mudou sua sonoridade ao incorporar elementos do death e do metal sinfônico, criando um estilo único e bastante teatral. Com álbuns que receberam o reconhecimento mainstream como Demigod (2004), The Satanist (2014) e I Loved You at Your Darkest (2018), o Behemoth quebrou barreiras e levou o metal extremo a grandes palcos e festivais internacionais. Mesmo não sendo a primeira vez que o Behemoth faz um show na capital paranaense, é obvio o cuidado que Nergal tem com a produção da banda. Em 2014 quando a banda veio no finado Music Hall com a turnê do The Satanist, apesar da produção ser pequena, o lado teatral da banda era bem forte, trazendo desde máscaras até mesmo incenso de enxofre.

Incenso esse que retornou mesmo 11 anos depois, só que dessa vez com uma estrutura maior e um vestuário bem mais vasto de Nergal. Vestuário que dessa vez se transformava em cada era e álbum da banda, que foi desde The Shit Ov God, o álbum mais recente da banda até mesmo Sventevith (Storming Near the Baltic), o primeiro álbum da banda, ainda da época que a banda ainda tinha suas raizes no Black Metal mais tradicional.
A recepção dos álbuns novos do Behemoth é tão grande dentro da comunidade da banda, que praticamente todas as músicas do álbum mais recente foram cantadas pelo público e em alguns momentos alguns fãs até pediam pelas músicas novas. Ainda bem que apesar do apelo pelos álbuns recentes, a banda trouxe um repertório sólido de sua carreira, com destaque a Christians to the Lions, Cursed Angel of Doom e Demigod músicas que consolidaram e moldaram todo a identidade da banda.
Setlist Behemoth
- The Shadow Elite
- Ora Pro Nobis Lucifer
- Demigod
- The Shit ov God
- Conquer All
- Blow Your Trumpets Gabriel
- Ov Fire and the Void
- Lvciferaeon
- Bartzabel
- Wolves ov Siberia
- Once Upon a Pale Horse
- Christians to the Lions
- Cursed Angel of Doom
- Chant for Eschaton 2000
- O Father O Satan O Sun!