Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá retomam shows

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Vinte e seis anos após a morte do vocalista, compositor e líder Renato Russo, o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá seguem com os shows em homenagem à Legião Urbana – a banda com a qual marcaram uma época no rock brasileiro.

Dia 5 de maio, no Clube Recreativo Campestre da Sorocaba, eles iniciam a turnê de “As V estações”, espetáculo que costura canções e temas dos álbuns “As quatro estações” (1989) e “V” (1991) — o show ainda passa por São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre antes de chegar, dia 1º de julho, à Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro.

“Para nós (no começo) estava tudo muito focado nas quatro estações. Verão, outono, inverno, primavera… E aí falei: “Não tá meio pobre essa história, não? Então toma aí cinco estações para vocês!”, recorda-se Bonfá, 58 anos, que teve a sua ideia acolhida por Dado e pelos músicos que participam com eles do projeto: André Frateschi (vocais), Mauro Berman (baixo), Lucas Vasconcellos (guitarra) e Pedro Augusto (teclados).

“Eu tô falando de mudanças climáticas, de uma quinta dimensão, de uma coisa que pode enriquecer o trabalho.”, completa Bonfá.

Coube a Mauro, diretor musical da banda, pensar nos arranjos e na disposição das canções, de forma a juntar os repertórios.

Inspirado pela simbologia do pentagrama, ele dividiu o show em cinco partes: Ar (de composições que se relacionam aos temas confissão, entrega e espelho), Água (amor, relacionamento, self), Terra (os grandes hits da Legião, e não só dos dois discos), Fogo (política, Brasil, luta, mudanças) e Espírito (resumindo a mensagem de que só o amor salva).

Tudo isso, segundo ele, para dar conta de obra que fala sobre “Como a gente sobrevive nesse mundo louco”.

“Acho que essa obra da Legião é tão verdadeira porque sempre esteve em busca desse mundo que nunca existiu na totalidade. Renato, Dado e Bonfá sempre viram esse mundo melhor, e mostraram caminhos para chegar a ele.”, explana o baixista.

Uma história que, por sinal, começa em 1988, quando a Legião perdeu o controle da plateia e enfrentou uma baderna sem precedentes no Estádio Mané Garrincha — naquele que deveria ter sido o show triunfal da volta a Brasília, cidade onde a banda foi fundada e que serviu de inspiração para boa parte de suas primeiras canções.

O choque foi decisivo para os rumos que Renato, Dado e Bonfá tomariam no álbum “As quatro estações”, o qual tomaria de assalto as rádios em 1989 com “Há tempos”, “Meninos e meninas”, “Pais e filhos” e “Monte Castelo”.

“Acho que o “V Estações” tem a ver com esse nosso momento (do país), de busca de outros valores, em que a gente tem que se acalmar um pouco, respirar fundo e recomeçar.”, diz André Frateschi, que em 1985, aos 10 anos de idade, levado pela mãe (a atriz Denise Del Vechio) conheceu a Legião Urbana nos camarins de um show, em São Paulo.

Do “Quatro Estações” ficam de fora apenas “Mauricio” e “Feedback song for a dying friend”. Eles tocam pela primeira vez “Eu era um lobisomem juvenil” e, em “Se fiquei esperando meu amor passar”, Marcelo Bonfá assume os vocais.

“No “Quatro estações”, a gente está usando mais teclados, tem uma coisa de timbres novos e aí, enfim, a gente levou um ano para gravar ele todo. Parece que a gravadora ficou tão feliz com o resultado do “Dois” (segundo álbum da Legião, lançado em 1986) que deixou a gente ficar lá dentro do estúdio, realmente havia uma síndrome criativa.”, conta Marcelo Bonfá.

Dado se recorda que as gravações transcorreram no mesmo período de exibição da novela “Vale tudo”, de Gilberto Braga.

“A gente ia para o estúdio às três da tarde, e às oito a gente ia embora para assistir à saga de Maria de Fátima, Marco Aurélio e Odete Roitman.”, lembra o guitarrista, de 57 anos.

“Esse disco tem uma ruptura com a trilogia de discos de Brasília, que era mais visceral, política, apontando o dedo na cara, e foi para algo mais espiritual, ecumênico.”, completa o guitarrista.

O guitarrista não consegue esquecer do incrível sucesso que o disco fez, também, nos palcos.

“O “Quatro estações” a gente tocou muito ao vivo porque o (presidente Fernando) Collor roubou todo nosso dinheiro (ele se refere ao confisco do dinheiro da poupança promovido pelo governo) e o Renato falou: “A gente vai recuperar cada centavo que esse f* da p* tirou da gente!” Fizemos uma grande excursão, enchemos estádios e a grana voltou.”, diz.

“V” foi iniciado em seguida, inaugurando para a Legião a fase da gravação digital, com músicas sendo compostas no estúdio e imediatamente registradas no computador.

“Eu estava no escuro no estúdio, cada um em seu aquário, e aí falei: “Bicho, olha, eu não consigo compor com vocês assim. Não tô sentindo a vibração, não tô sentindo o ar se deslocar!”, relata Bonfá.

Nascido em 2015 de uma ideia da gravadora EMI para comemorar os 30 anos de “Legião Urbana” (o primeiro álbum da banda), o projeto de Dado, Bonfá, Mauro, Lucas e André (apenas o tecladista mudou) seguiu com muito sucesso, em 2018, por uma série de shows incorporando ainda o repertório dos LPs “Dois” e “Que país é este” (1987).

De lá para cá, o baterista passou a pandemia num sítio em Minas, e compôs dois discos solo no período (o EP “Outono” e o álbum “Improvável certeza”), tocando com o filho, João Pedro.

Já Dado, avô de dois netos, Aurora e Santiago, acabou de terminar a trilha do seriado “Cenas de um crime”, dirigido por Izabel Jaguaribe, e, nos tempos do Covid-19, fez “Um disco inteiro com várias canções bem loucas, que estão aí em gestação. Mas agora é hora de voltar à estrada.”

Datas da turnê ‘As V estações’

  • 05/05 – Sorocaba – Clube Recreativo Campestre

  • 06/05 – São Paulo – Espaço Unimed

  • 13/05 – Brasília – Ginásio Nilson Nelson

  • 20/05 – Belo Horizonte – Arena Hall

  • 24/06 – Porto Alegre – Araújo Vianna

  • 01/07 – Rio de Janeiro – Jeunesse Arena

  • 26/08 – Curitiba – Teatro Guaíra

  • 15/09 – João Pessoa – Domus Hall

  • 16/09 – Recife – Classic Hall

  • 26/10 – Manaus – Studio 5

  • 28/10 – Belém – Hangar

  • 24/11 – Teresina – Teresina Hall

  • 25/11 – Fortaleza – Iguatemi Shopping

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Jornalista chefe, fotógrafo e sócio-proprietário do Partiu Role CWB. Apaixonado por contar histórias de rolês e eternizar memórias através das lentes e textos.

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