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Empresas de mineração têm demonstrado interesse em investigar minerais essenciais para o desenvolvimento tecnológico em regiões próximas a cerca de 45 comunidades indígenas isoladas na vasta Amazônia brasileira.

Um estudo exclusivo realizado pela Repórter Brasil identificou um total de 1.827 solicitações de extração de minerais como cobre, lítio e terras raras, além de outros 13 elementos. Esses recursos são fundamentais na fabricação de produtos de alta tecnologia, incluindo microchips, turbinas de energia eólica e veículos elétricos, e as solicitações se concentram em um raio de 40 quilômetros ao redor dessas comunidades, consideradas vulneráveis.

Impactos da Mineração na Sobrevivência Indígena

De acordo com o Observatório de Povos Indígenas Isolados (OPI), essa proximidade impõe sérios riscos às populações indígenas. O isolamento é vital para a sobrevivência desses grupos, declarou Miguel Aparício, antropólogo e presidente do OPI, que tem dedicado mais de três décadas ao estudo de comunidades isoladas. Ele ressalta que não apenas a mineração, mas também a construção de estradas e a expansão da agroindústria são ameaças significativas à existência desses povos.

Por norma científica e regulamentação ambiental, como estipulado pela Portaria Interministerial nº 60 de 2015, projetos de infraestrutura, incluindo rodovias e usinas, são considerados ameaçadores quando situados dentro de um raio de 40 quilômetros dos territórios indígenas. A mineração, por sua vez, é particularmente preocupante, com a OPI expandindo a referência usual de 10 quilômetros para 40, dada a fragilidade das comunidades isoladas.

Volume e Fase das Solicitações Minerais

A pesquisa identificou 7.718 pedidos ativos de mineração de 16 elementos, datando entre 1953 e setembro de 2025. Destes, 1.827 representavam um quarto do total e estavam localizados nas imediações dos povos indígenas isolados, com destaque para o grande número de solicitações relacionadas ao estanho, somando 1.226.

Nos últimos anos, houve um notável aumento na exploração de minérios, com 3.392 novos pedidos desde 2020, representando 44% de todas as solicitações. Atualmente, a maioria das solicitações, cerca de 4.539 (59%), ainda está na fase de investigação preliminar. Outras 2.369 (31%) já alcançaram o estágio de concessão, permitindo a extração dos recursos, enquanto 810 estão disponíveis para futuras investigações ou atividades de exploração.

Empresas e Mineração em Territórios Indígenas

A investigação revelou que as 1.827 solicitações minerárias que afetam territórios de povos isolados foram feitas por 567 entidades diferentes, incluindo grandes empresas como Anglo American Níquel Ltda, Vale e Bemisa. Estes registros destacam a busca ativa por minerais essenciais, com a maioria das empresas ainda na fase exploratória, mas com potencial para avançar para a extração.

As mineradoras Anglo American e Vale estão entre as principais interessadas, com a primeira possuindo 83 procedimentos em andamento para a exploração de cobre. Recentemente, a Anglo American anunciou uma fusão com a Teck, formando a “Anglo Teck”, uma iniciativa que visa torná-la líder em minerais essenciais e um dos cinco maiores produtores de cobre no mundo.

Riscos para os Povos Indígenas e Reações

Vale mencionou que não há operações mineradoras ativas nas proximidades das terras indígenas isoladas conforme referenciado por Repórter Brasil, alegando que os dados da Agência Nacional de Mineração podem não estar completamente atualizados, levando a análises imprecisas. Bemisa, por outro lado, afirma não realizar atividades mineradoras em terras indígenas ou áreas que influenciem populações indígenas, incluindo comunidades isoladas.

Analisando registros confirmados e em revisão, 81% dos grupos indígenas se encontram em uma distância crítica dos projetos minerais. A terra indígena Yanomami, já impactada pela mineração ilegal de ouro, está cercada por 228 solicitações de minerais essenciais como estanho, nióbio e tântalo, destacando o potencial conflito entre recursos naturais e a preservação cultural e ambiental.

O estudo da Repórter Brasil, em parceria com a Rainforest Investigations Network do Pulitzer Center, associou os dados de localização dos OPI com solicitações minerarias para avaliar o impacto sobre essas comunidades, revelando como os mesmos territórios ameaçados pela mineração ilegal e desmatamento também enfrentam a pressão de interesses internacionais em minerais estratégicos.

Créditos das fotos:
Vale Javari, Amazonas, uma das regiões com maior concentração indígenas isolados mundo (Foto: Gleison Miranda/Funai)

Fonte: Repórter Brasil

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