O Festival Knotfest, criado originalmente pela banda Slipknot há 10 anos, o “Carnaval Sombrio” chegou ao Brasil em sua primeira edição, após ter sido cancelado há 2 anos devido à pandemia.
O evento aconteceu na cidade de São Paulo, no Sambódromo do Anhembi, domingo, dia 18/12 e contou com 45 mil ingressos disponíveis para compra, onde os produtores do evento anunciaram sold out.
Antes de decolarem no Brasil, o festival passou por cinco países, e, nessa edição, contou com 2 palcos, o Knotstage e o Carnival Stage, onde tivemos nada mais nada menos que Slipknot, Bring Me The Horizon, Trivium, Sepultura, Judas Priest, Pantera, Motionless In White (que após um caso de doença de um dos seus integrantes e de um funcionário da equipe da turnê, foi substituída pela banda Black Pantera), Vended, Project46, Oitão e Jimmy & Rats no line-up.
O evento iniciou como o programado, às 11h com a Black Pantera, onde a banda de Minas Gerais agitou o público que já organizou o primeiro mosh do evento, inclusive notamos um mosh formado somente por mulheres.
Setlist
Padrão é o car#lho;
Mosha;
Legado;
Godzilla;
Fogo nos racistas;
Carne (cover de Elza Soares);
Abre a roda e senta o pé;
Execução na Av. 38.
Após o Black Pantera abrir o Knotstage, foi a vez do Jimmy & Rats dar início ao Carnival Stage com seu punk irlandês, o grupo conta com a presença do vocalista Jimmy London do Matanza.
Setlist
Do Meu Jeito;
Medo;
Anne Boonie;
O Temido Lobo do Mar;
Tempo Ruim (original do Matanza);
Pra Nunca se Entregar.
No mesmo palco, a banda Oitão chegou pontualmente às 12h. Com seu hardcore enérgico, a banda conta com o vocalista e também chef de cozinha Henrique Fogaça (Master Chef).
Setlist
Intro;
Pobre Povo;
Impunidade;
Quarto Mundo;
Só Lhe Restam Trevas
Doença;
Tiro na Rótula.
Após retornarem de um tempo parados, devido a problemas do guitarrista Vinicius Castellari onde o mesmo assumiu questões pessoais com dependência química, revelando ter optado por um tratamento de reabilitação, a banda Project 46 subiu ao palco.
Setlist (parcial)
Violência gratuita;
Pânico;
Rédeas;
F#da-se (se depender de nós);
Erro +55;
Pode pá;
Acorda pra vida.
Mesmo com um set reduzido, a banda Trivium levou o público do Carnival Stage à loucura, diante de um público já numeroso para o horário das 13h, mesmo com a Copa do Mundo rolando.
A galera elogiou o carismático frontman Matt Heafy, especialmente pelas falas em português, que disse que tudo aquilo era simplesmente “f0d@ pra car@lh0”.
Setlist
In the Court of the Dragon;
Down From the Sky;
The Sin and the Sentence;
A Gunshot to the Head of Trepidation;
The Heart From Your Hate;
Strife;
Pull Harder on the Strings of Your Martyr;
Gravação: Capsizing the Sea;
In Waves.
O vocalista Griffin Taylor (filho de Corey Taylor, vocalista do Slipknot) e o baterista Simon Crahan (filho de Shawn Crahan, batera do Slipknot), e a banda Vended entraram no palco, e, mesmo após falhas técnicas no som, principalmente no microfone de Griffin, foram elogiados pelo público, banda que possui um estilo musical bem similar ao do Slipknot.
Setlist
Ded To Me;
Burn My Misery;
Bloodline;
Overall;
Don’t Scream;
My Wrongs;
Asylum;
Fear Forgotten;
Antibody.
Como sempre, o Sepultura não entrou no palco para brincar, onde iniciou o show com “Isolation”, uma das faixas do álbum “Quadra”, que já se tornou um clássico segundo as fãs.
Tivemos ainda a participação do guitarrista do Anthrax, Scott Ian onde tocaram “Cut-Throat”.
Também teve a participação de Matt Heafy (Trivium) que apareceu no palco para cantar e tocar “Slave New World”.
Em seguida, Phil Anselmo participou de “Arise”, e, para fechar, os clássicos “Ratamahatta” e “Roots Bloody Roots” onde a galera foi à loucura.
Setlist
Isolation;
Refuse/Resist;
Means to an End;
Cut-Throat (com Scott Ian);
Propaganda;
Dead Embryonic Cells;
Agony of Defeat;
Slave New World (com Matt Heafy);
Arise (com Phil Anselmo);
Ratamahatta;
Roots Bloody Roots.
Após isso, quem entra em cena é a banda Mr. Bungle, grupo trazendo lendas em sua formação, como o vocalista Mike Patton (Faith No More), o guitarrista Scott Ian (Anthrax) e o baterista Dave Lombardo (ex Slayer).
O show teve uma pegada comedy rock, onde o resultado foi de diversão, muitas risadas e porradaria comendo solta nos moshpits.
Setlist
Won’t You Be My Neighbor (cover de Fred Rogers);
Anarchy Up Your Anus;
Raping Your Mind;
Bungle Grind;
Eracist;
Spreading the Thighs of Death;
Glutton for Punishment;
Hell Awaits (Slayer) e Summer Breeze (cover de Seals & Crofts);
Hypocrites;
Speak English or Die (cover de S.O.D.);
World Up My Ass (cover de Circle Jerks);
Sudden Death;
Gracias a la vida (cover de Violeta Parra);
Territory (cover de Sepultura com Andreas Kisser e Derrick Green).
Pantera subiu ao palco pontualmente às 17h, onde o único integrante da formação clássica presente foi o vocalista Phil Anselmo.
Após ser testado positivo para Covid, o baixista Rex Brown encerrou as apresentações dele para esse ano.
O convidado que mais chamou atenção sem dúvidas foi o guitarrista Zakk Wylde, o cara simplesmente roubou a cena fazendo uma apresentação impecável, onde nos solos conseguiu colocar sua personalidade sem fugir da originalidade.
O vocal do Phil vinha sendo questionado, porém, quando o show começou, todas as críticas nesse sentido caíram por terra, o cara está cantando demais. O show teve vários momentos de homenagem aos ex integrantes Dimebag e Vinnie Paul.
Setlist
A New Level;
Mouth for War;
Strength Beyond Strength;
Becoming (com trecho de Throes of Rejection);
I’m Broken (com trecho de By Demons Be Driven);
5 Minutes Alone;
This Love;
Yesterday Don’t Mean Shit;
Fucking Hostile;
Gravação de trecho de Cemetery Gates com vídeo em tributo a Dimebag e Vinnie;
Planet Caravan (cover de Black Sabbath, com mais vídeo em tributo a Dimebag e Vinnie);
Walk;
Domination / Hollow;
Cowboys From Hell.
Na sequência, tivemos a apresentação da banda Bring Me the Horizon, o vocalista que hoje é casado com uma brasileira e agora morando em Taubaté, trocou vários momentos de interação com o público, onde falou com a galera em português.
Setlist
Can You Feel My Heart;
Happy Song;
Teardrops;
Mantra;
Dear Diary;
Parasite Eve;
sTraNgeRs;
Shadow Moses;
DiE4u;
Sleepwalking (a pedidos);
Drown;
Obey;
Throne.
Após tocarem “War Pigs” (Black Sabbath), a multidão se ajeitou e ficou em alerta para a entrada da banda Judas Priest.
No início, o tridente que simboliza a banda subiu, se acendeu e a banda entou em cena tocando a primeira música.
O que chamou a atenção de todos, foi que mesmo aos 71 anos de idade, Rob Halford impressionou demais com suas técnicas, disposição e versatilidade.
O batera anunciou que aquele era o 101º show da turnê “50 Heavy Metal.
Como Deus do Metal que é, Rob se despediu da galera abençoando todos, beijou uma bandeira do Brasil com a logo do Priest e prometeu voltar logo.
Setlist
Electric Eye;
Riding on the Wind;
You’ve Got Another Thing Comin’;
Jawbreaker;
Firepower;
Devil’s Child;
Turbo Lover;
Steeler;
Between the Hammer and the Anvil;
Metal Gods;
The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (cover de Fleetwood Mac);
Screaming for Vengeance;
Painkiller.
Bis:
Hell Bent for Leather;
Breaking the Law;
Living After Midnight.
Para encerrar o festival, todos se prepararam para ver os criadores do evento entrar em cena, após mais de 10 horas de música, Slipknot entra no palco principal e leva a galera à loucura.
Por volta das 21h20, gravações de “For Those About to Rock (We Salute You)” (AC/DC) e “Get Behind Me Satan and Push” (Billie Jo Spears) rolaram nos alto-falantes para anunciar a chegada do Slipknot.
O Slipknot fez um show impecável, com relação à qualidade do som, efeitos visuais, e, embora boa parte do setlist tenha se baseado em músicas dos primeiros álbuns, o grupo também passou por faixas mais recentes.
A produção do espetáculo foi imersiva e caprichada com o que existe de melhor em tecnologia de palco. É uma experiência que todos deveriam ter ao menos uma vez na vida.
Setlist
Disasterpiece;
Wait and Bleed;
All Out Life;
Sulfur;
Before I Forget;
The Dying Song (Time to Sing);
Dead Memories;
Unsainted;
The Heretic Anthem;
Psychosocial;
Duality;
Custer;
Spit It Out.
Bis:
People = Shit;
Surfacing.
Reclamação
A estrutura dos palcos, qualidade de som, pirotecnia, telões e efeitos visuais foram de altíssima qualidade, mas alguns pontos da estrutura do evento em si deixaram a desejar.
Por exemplo, não vimos artigos de decorações, deixando um clima meio vazio e sem muita imersão dos fãs.
Nessa edição, o festival contou somente com o necessário, que eram os bares, food trucks e uma loja com o merchandising oficial das bandas.
Um dos pontos a se observar foi a área reservada para tatuagens e um telão que transmitiu a final da Copa do Mundo.
Tivemos também o Knotfest Museum, atração mais diferente do evento, que permitia aos fãs conhecer melhor a história da banda, com itens raros, porém, fez com que os fãs aguardassem mais de 1h30 em longas filas debaixo do sol quente.
As filas foram os pontos principais de reclamação, onde ouvimos relatos de dificuldade já no estacionamento, e até mesmo para entrar no evento.
Outra reclamação foi a demora e as filas gigantescas para se pegar um lanche na praça de alimentação, ou um chopp nos bares disponíveis.
Resumidamente, o festival foi insano no sentido de que todas as bandas entregaram um show de qualidade, o que nos resta é torcer para que esse evento se torne anual aqui no Brasil, melhorando sempre a qualidade. Knotfest… aguardaremos ansiosos por 2023!