Qual é o tamanho, o que pensa e quais os principais desafios da comunidade LGBTQIA+ do Brasil?
Na tentativa de responder a essas questões, a Havaianas encomendou ao Datafolha uma pesquisa inédita com a proposta de quantificar, nacionalmente, esse grupo populacional, para o qual a marca já direciona estratégias e ações, por meio da Plataforma Pride, criada em 2020 junto à ONG All Out.
O projeto também contou com a participação da Media.Monks, que atua, junto à Havaianas, no Projeto Pride.
Os dados do estudo, revelados em evento realizado no dia 21 de setembro, em São Paulo, mostram que a comunidade LGBTQIA+ é ampla: Mais de 15,5 milhões de pessoas no País dizem pertencer a essa comunidade, o que representa 9,3% da população adulta do Brasil, considerando as pessoas acima de 16 anos.
Esse percentual tende a ser maior dentro de alguns recortes populacionais específicos. Nas regiões metropolitanas do País, a quantidade da população que se declara como parte da comunidade LGBTQIA+ é 11%; entre os jovens (de 16 a 24 anos), esse percentual sobe para 18%.
A pesquisa foi realizada com base em 3674 entrevistas, com uma amostra escolhida pelo Datafolha para representar a população de todas as regiões brasileiras.
Perfil da população LGBTQIA+
A Pesquisa do Orgulho, realizada pela Havaianas, mapeou algumas características dessa população. A maior parte dela (59%) é solteira e sem filhos (70%).
O estudo questionou a população LGBTQIA+ se eles consideram que contam com o respeito da sociedade: apenas 37% disseram que concordam totalmente que têm esse respeito; 26% concordam parcialmente e 36% discordam totalmente ou em parte.
A maior parte da comunidade (57%) declara sofrer algum tipo de discriminação, preconceito ou intolerância sempre, frequentemente ou às vezes.
No restante da população, no grupo de pessoas que não se considera LGBTQIA+, são 35% o total do grupo que diz sofrer algum tipo de preconceito.
Ambiente profissional
A Havaianas e o Datafolha fizeram um estudo amplo em relação às percepções da comunidade LGBTQIA+ em relação à família e ao mercado de trabalho.
No mundo corporativo, ficou claro que boa parte das pessoas ainda não se sente à vontade para assumir quem são: apenas 36% dos entrevistados dizem que falam abertamente sobre sua orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho.
Essa situação é mais comum no grupo de pessoas de 25 a 44 anos, que representam a maior parte da faixa da população economicamente ativa.
A pesquisa também mostrou que, no mercado de trabalho, 34% das pessoas LGBTQIA+ que são economicamente ativos sentem que, às vezes ou raramente, não têm o mesmo acesso a oportunidades de crescimento na empresa do que os demais colegas.
Entre a comunidade, 16% declararam que vivenciam, sempre ou frequentemente, comentários negativos no trabalho devido à sua orientação sexual.
Parte expressiva dessa população (58%) disse que teve que se adaptar a algum tipo de trabalho informal por conta das dificuldades de inclusão no mercado formal e 40% do total de pessoas desse grupo se sentem rejeitadas pelo mercado de trabalho.
Atuação da marca
A Havaianas conta que a plataforma Havaianas Pride, que conta com parceria da ONG All Out, arrecadou, nos últimos dois anos, R$ 2,6 milhões para os trabalhos da entidade ao reverter 7% do lucro líquido das vendas dos produtos da linha homônima – a Havaianas Pride – para os projetos.
Maria Fernanda Albuquerque, VP global de marketing da Havaianas, diz que a pesquisa é um passo importante na caminhada LGBTQIAPN+ no Brasil e que, além de dados demográficos, o estudo também traz tópicos sobre mercado de trabalho e garantia de direitos, temas que devem fazer parte da sociedade e das marcas inseridas nela.
Mariana Albuquerque, diretora-criativa global da Media.Monks, diz que a ideia da pesquisa surgiu quando, ao criar o projeto para o terceiro ano da plataforma Pride, a agência percebeu que não havia dados suficientes a respeito da comunidade.
“Então, pensamos em fazer a Pesquisa do Orgulho que vai nos ajudar a dar continuidade para a plataforma Pride da Havaianas e será aberta para o público, órgãos engajados pela causa, e, claro, outras marcas. Quanto mais aliados dando as mãos para a comunidade, mais passos daremos para a frente.”, diz Mariana.