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Manifestação dos Munduruku Bloqueia Acesso à Blue Zone da COP30 em Belém

DE BELÉM (PA) — Nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira, 14 de novembro, um grupo numeroso de indígenas do povo Munduruku, originários de aldeias próximas a Itaituba e Jacareacanga, no estado do Pará, bloquearam a entrada da Blue Zone. Esta área é onde está localizado o principal pavilhão da COP30, a grande conferência climática organizada pela ONU em Belém.

O protesto perdurou por cerca de quatro horas, durante as quais os manifestantes impediram o acesso ao importante espaço de conferência. As tensões começaram a se acalmar por volta das 9h30, quando André Corrêa do Lago, presidente da COP30, chegou ao local juntamente com uma delegação para dialogar com os líderes dos Munduruku. Essa negociação resultou na liberação do acesso aos portões, mas não antes de os líderes indígenas exigirem uma reunião com o presidente Lula.

Demandas dos Munduruku e Conflitos com o Governo Brasileiro

A manifestação dos Munduruku foi direcionada principalmente ao governo federal, acusado de avançar com diversos projetos que afetam diretamente os territórios indígenas sem a consulta prévia que é legalmente exigida. Entre as principais críticas estavam a implementação de hidrovias, construção de portos privados e os projetos de créditos de carbono ligados ao agronegócio. Além disso, o projeto Ferrogrão, uma ferrovia projetada para conectar as regiões produtoras de grãos do Mato Grosso aos portos fluviais do Pará, também foi alvo de contestação.

Líderes como Maria Leusa Kaba Munduruku e Alessandra Korap Munduruku conversaram com André Corrêa do Lago e a diretora executiva da COP30, Ana Toni, que chegaram ao local às 8h30 para negociar. Durante o encontro, o presidente da Conferência interagiu com os manifestantes, inclusive segurando o filho mais novo de Maria Leusa, num gesto de tentativa de apaziguamento. A partir dessas conversas, os indígenas e representantes realizaram negociações em área reservada, levando à liberação do espaço.

Oposição a Projetos de Infraestrutura e Preservação das Terras Indígenas

As reivindicações do Movimento Munduruku Ipereg Ayu, que organizou o protesto, foram contundentes. Uma nota do movimento destacava: “Presidente Lula, estamos aqui na frente da COP porque queremos ser ouvidos”. Entre as exigências estava a revogação do Decreto 12.600, que instituiu o Plano Nacional de Hidrovias e prioriza os rios Tapajós, Madeira e Tocantins para navegação de carga, considerado uma ameaça aos sagrados locais fluviais dos Munduruku.

No contexto da manifestação, os indígenas demandaram o cancelamento da ferrovia Ferrogrão, argumentando que ela aumenta a pressão sobre o território por meio da ampliação de portos e dragagens. Também solicitaram a demarcação urgente de suas terras, processo que se encontra parado nas esferas ministeriais. Os líderes ressaltam o impacto da expansão da soja no aumento dos conflitos na região.

Os Munduruku também expressaram forte oposição aos créditos de carbono e mecanismos de REDD+, destacando que tais iniciativas facilitam a entrada de empresas em seus territórios sem resolver questões de desmatamento, mineração ilegal e a criação de hidrovias. Dados do Inesc revelam que 68% dos investimentos federais na infraestrutura da Amazônia entre 2010 e 2022 foram destinados para corredores de exportação, afetando significativamente a ecologia e as comunidades locais.

Essas movimentações econômicas, segundo os líderes indígenas, resultam em poluição e restrição ao acesso aos recursos naturais, como a pesca no rio Tapajós. O movimento reflete uma insatisfação crescente com a falta de consultas adequadas e a ameaça constante à preservação de suas terras e tradições.

Créditos das fotos:
Decenas personas aglomeraron frente Blue Zone durante protesta Munduruku (Foto: Fernando Martinho/Repórter Brasil)

Fonte: Repórter Brasil

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