Utilização de Marcas Balísticas no Combate ao Crime
Recentemente, as marcas deixadas em projéteis utilizados em crimes serviram como uma ferramenta crucial para a polícia identificar a atuação de um serial killer, além de conectar uma milícia a uma série de homicídios. Esse avanço na investigação criminal foi possível graças ao Sistema Nacional de Análise Balística (Sinab), considerado por especialistas como um “banco de DNA” das balas, que ajudou as forças policiais a ligarem dois grupos criminosos a uma série de assassinatos no Paraná e no Rio Grande do Norte.
O Sistema Sinab e Sua Eficácia na Investigação de Crimes
O Sinab foi concebido para reconhecer e catalogar as “impressões digitais” de armas de fogo, sendo uma ferramenta valiosa para delegados e investigadores em todo o país. Este sistema permite que provas sejam reunidas de forma mais rápida e precisa, integrando investigações e facilitando a identificação de suspeitos. Desde sua implementação em 2019, graças a uma parceria entre o governo federal e todas as unidades federativas do Brasil, cerca de dez mil inquéritos já foram beneficiados com a aplicação dessa tecnologia.
Com o uso do Sinab, as autoridades conseguiram expor a operação de um serial killer no Paraná, onde um grupo criminoso foi responsável por várias mortes. A tecnologia também revelou o envolvimento de uma milícia composta por indivíduos da segurança pública no Rio Grande do Norte em múltiplos homicídios. A aplicação eficaz desse sistema revolucionou a maneira como os casos são investigados, proporcionando novas evidências concretas a serem utilizadas em processos judiciais.
Padrão de Crimes no Paraná e a Ligação com Condutor de Drogas
Entre o início de 2022 e o início de 2025, uma série de assassinatos em Curitiba e regiões próximas apresentava um modus operandi similar. Os ataques geralmente ocorriam por meio de abordagens feitas por homens armados em veículos com placas clonadas. As vítimas, muitas vezes, eram encontradas mortas em locais diferentes após os sequestros, o que levou os investigadores a identificar um padrão nas execuções.
Investigando casos como os homicídios de Marcelo Alves e Antônio Carlos Talamini, bem como as mortes de Marlon Cezar, Thiago Harold Lordani e David Boni Palevoda, a delegada Magda Hofstaetter da 1ª Delegacia de Homicídios de Curitiba confirmou que as mesmas armas estavam envolvidas. Esses elementos se conectaram pela análise das balas, possibilitando a identificação de Kainan Wesley como suspeito principal. Já considerado um dos líderes do tráfico de drogas no bairro de Abranches, ele permanece foragido, sendo acusado de cerca de 30 assassinatos.
Impacto do Sinab no Rio Grande do Norte
Paralelamente, na capital do Rio Grande do Norte, Natal, e em áreas próximas, o Sinab também desempenhou papel central ao conectar 46 homicídios investigados entre 2022 e 2025. As evidências coletadas demonstraram correspondência entre ranhuras em projéteis de diferentes cenas de crime, todas associadas a uma possível milícia composta por policiais e agentes de segurança.
Esse trabalho investigativo resultou em condenações significativas: três por homicídio e oito por envolvimento em milícia, conforme destacou o delegado Cláudio Henrique Freitas de Oliveira. A utilização do Sinab trouxe à tona ligações antes despercebidas entre diversos casos, auxiliando no avanço das investigações e na aplicação da justiça.
A capacidade do Sinab em conectar de forma rápida e precisa balas de diferentes cenas de crime reforçou a eficácia dos processos investigativos, permitindo conclusões anteriormente impossíveis. Desse modo, a ferramenta se torna cada vez mais essencial na luta contra o crime organizado e na busca por justiça ao contribuir para a condenação de criminosos.
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Fonte: g1 > Paraná

