O Testament é uma das bandas mais icônicas do thrash metal, formada na Califórnia nos anos 1980, e reconhecida por combinar peso, velocidade e técnica apurada em suas composições. Ao lado do chamado Big Four do gênero, o grupo ajudou a moldar a sonoridade agressiva que marcou a cena da Bay Area, influenciando gerações de músicos.
A força de seus riffs, a potência vocal de Chuck Billy e a habilidade de guitarristas como Alex Skolnick garantiram ao Testament não apenas relevância histórica, mas também uma presença constante no cenário atual. Sua capacidade de se reinventar sem perder a essência faz com que permaneçam entre os nomes mais respeitados e influentes do thrash metal contemporâneo.
Testament construiu uma relação sólida com o público brasileiro ao longo dos anos, iniciada em 1989, quando trouxe a turnê do álbum Practice What You Preach para São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2013, a banda retornou para um show histórico e esgotado ao lado do Anthrax no HSBC Music Hall, em São Paulo. Já em 2023, os californianos marcaram presença no festival Summer Breeze Brasil (atualmente Bangers Open Air), com apresentações em Brasília, Belo Horizonte e uma performance inesquecível no Memorial da América Latina, mostrando sua relevância no cenário do metal até os dias de hoje.
Esse ano a banda voltou para o Brasil, mas dessa vez como headliner de uma extensa turnê na América Latina, com 6 datas somente no Brasil. O show de Curitiba aconteceu no Tork n Roll, casa já bem popular para os headbangers da cidade, onde ainda esse mês vai receber Cradle of Filth junto com Uada e no próximo mês Behemoth e Deicide, fora a vasta agenda da casa.
Abertura de peso Curitibano
Responsável por fazer abertura da noite, ficou a cargo da Royal Rage, uma banda Curitibana que se destaca na cena do metal brasileiro pela força e peso de suas composições. Com uma sonoridade que mistura elementos de thrash e groove metal, o grupo vem conquistando espaço no cenário nacional e internacional, levando letras que abordam temas sociais e poitics importantes para os dias de hoje.

Foto: Clovis Roman
A banda não deixou “barato” e mostrou o motivo de fazer abertura do show dos gigantes do thrashmetal, mesmo o show acontecendo em um domingo, o público chegou cedo para conferir a banda e entre as músicas agitavam e gritavam o nome da banda e em alguns momentos pedindo atpé mais musicas. Apesar do setlist curto, a banda conseguiu entregar uma apresentação memóravel e digna da atração principal.
A lenda do Thrash Metal Bay Area
Apesar do Testament não ter o peso no mainstream como Slayer, Megadeth e outros do gênero, qualquer headbanger fã de thrash metal sabe a importância da banda e de suas composições dentro do gênero desde os seus primórdios. O álbum The Legacy (1987) é amplamente elogiado até os dias de hoje por sua mistura inovadora de thrash metal e solos melódicos, estabelecendo o som característico da banda.
Começando poucos minutos após o horário divulgado, a banda subiu ao palco ao som de Practice What You Preach, música-título do álbum lançado em 1989 que se tornou um clássico da carreira, falando sobre alinhar ações com palavras, em vez de apenas pregar o que é certo sem praticar. Na sequência, vieram Sins of Omission e Perilous Nation, também do mesmo disco, levando o público diretamente de volta à era de ouro do thrash.

O setlist foi um passeio pela história do grupo, equilibrando clássicos e músicas mais recentes. Do álbum Brotherhood of the Snake (2016) surgiu The Pale King, seguida pela brutalidade de The Haunting (The Legacy, 1987), que trouxe de volta a atmosfera oitentista que moldou o estilo e influenciou diversos gêneros. Logo depois, Rise Up (Dark Roots of Earth, 2012) fez a plateia gritar o refrão em uníssono.
A parte mais pesada veio com D.N.R. (Do Not Resuscitate) (The Gathering, 1999) e a faixa-título Low (1994), que trouxe uma pegada mais groove ao set. Já Native Blood (Dark Roots of Earth, 2012) exaltou a força da identidade nativa de Chuck Billy, arrancando aplausos e gritos da plateia.
Na sequência, Trail of Tears emocionou com sua mistura de peso e melodia, antes da explosão de Electric Crown (The Ritual, 1992), que foi, sem dúvida, um dos momentos mais animados tanto para o público quanto para a banda.
Após um solo de baixo, o show retomou com a poderosa Souls of Black (1990) e a belíssima Return to Serenity (The Ritual, 1992), que trouxe um respiro melódico em meio à pancadaria. O público ainda teve direito a um solo de bateria, que abriu caminho para a reta final do show.

Clássicos como First Strike Is Deadly e Over the Wall, ambos de The Legacy (1987), conseguiram agitar ainda mais a casa, mas a banda ainda guardava surpresas. A porradaria seguiu com More Than Meets the Eye (The Formation of Damnation, 2008) e, para encerrar a noite, o hino Into the Pit transformou o Tork n’ Roll em um verdadeiro redemoinho de moshpits, com uma roda quase do tamanho da pista inteira aberta pelo público.
Com mais de 40 anos de estrada, a banda mostrou por que segue sendo uma das mais importantes do gênero, sempre se reinventando e entregando composições cada vez mais pesadas e únicas. O setlist contemplou todas as fases da carreira, equilibrando clássicos e músicas recentes, provando que, apesar das mudanças ao longo do tempo, o Testament ainda tem muita energia para queimar.
No público, a renovação dos fãs ficou evidente: dos veteranos de cabelos brancos até os mais jovens, todos curtindo o bom e velho thrash metal, reforçando a atemporalidade e a força da banda dentro do metal.
Setlist Testament:
- Practice What You Preach
- Sins of Omission
- Perilous Nation
- The Pale King
- The Haunting
- Rise Up
- D.N.R. (Do Not Resuscitate)
- Low
- Native Blood
- Trail of Tears
- Electric Crown
- Bass Solo
- Souls of Black
- Return to Serenity
- Drum Solo
- First Strike Is Deadly
- Over the Wall
- More Than Meets the Eye
- Into the Pit
Fotos: Clovis Roman