Na última terça-feira, 25 de fevereiro, Curitiba foi tomada pela energia do post-punk e hard rock em uma noite que vai ficar na história da Live Curitiba.
A lendária banda The Cult desembarcou na capital paranaense como parte da turnê comemorativa de seus 40 anos de carreira, trazendo um repertório que percorreu todas as fases de sua trajetória. Comandada por Ian Astbury e Billy Duffy, a banda britânica comemorou seu legado como um dos grandes nomes do rock mundial, presenteando os fãs com clássicos atemporais como She Sells Sanctuary, Rain e Fire Woman, além de faixas do mais recente álbum, Under the Midnight Sun (2022).
A turnê do The Cult, organizada pela Liberation Music Company, passou por três capitais brasileiras – Rio de Janeiro, São Paulo.
Baroness aquece o público com peso e melodia
Antes da tão esperada apresentação do The Cult, o público teve a oportunidade de presenciar um show intenso do Baroness, banda norte-americana que retornou ao Brasil após seis anos. No entanto, a noite começou com contratempos: tanto a abertura da casa quanto o início do evento sofreram atrasos, fazendo com que o Baroness subisse ao palco cerca de 30 minutos depois do previsto.
A escolha do Baroness como banda de abertura pegou muitos de surpresa – e de maneira extremamente positiva. Com uma sonoridade mais densa e experimental, bastante distinta do rock clássico do The Cult, a presença da banda ajudou a diversificar o público, algo evidente na plateia, onde não era difícil encontrar fãs vestindo camisetas oficiais do grupo.
Conhecido por explorar diversas vertentes do rock e do metal, o Baroness combina sludge metal, progressive metal, stoner rock e alternative metal, criando uma identidade sonora única e atmosférica. A banda equilibra riffs pesados, passagens melódicas e uma forte carga emocional, características que frequentemente os aproximam de nomes como Mastodon, Torche e Red Fang.
Iniciando sua apresentação com Last Word, faixa do mais recente álbum Stone (2023), a banda já deu o tom certo para um set que percorreu diferentes momentos de sua trajetória. Um grande ponto de destaque no show, foi a sua iluminação que mudava de cor conforme a música e o álbum tocado no momento.
A seleção de músicas trouxe um panorama abrangente da evolução da banda, passando por todas as suas fases. Do peso e atmosfera de Gold & Grey , representado por Seasons, ao impacto de Shock Me, do aclamado Purple, a banda construiu um repertório dinâmico. Clássicos como March to the Sea e A Horse Called Golgotha trouxeram a força de álbuns como Yellow & Green e Blue Record , enquanto Isak trouxe à tona a energia crua do Red Album, primeiro disco da banda.Baroness Setlist
- Last Word
- Under the Wheel
- A Horse Called Golgotha
- March to the Sea
- Shock Me
- Chlorine & Wine
- Swollen and Halo
- Tourniquet
- Isak
- Take My Bones Away
40 Anos de The Cult
Após o impacto avassalador do Baroness, os técnicos de palco agiram rapidamente para substituir os instrumentos e fazer os ajustes finais, tentando compensar o atraso acumulado. Pouco depois das 22 horas, as luzes baixaram e, sob uma expectativa gigantesca devido a intro da classíca Ride of the Valkyries, o The Cult finalmente subiu ao palco. A banda, um dos grandes nomes do rock alternativo dos anos 80, construiu sua identidade a partir de uma fusão única de rock gótico, post-punk e hard rock, combinando misticismo e letras espirituais com um som poderoso e marcante.
Além disso, o carismático Ian Astbury, com sua presença de palco energética e vocais intensos, ajudou a moldar a estética do rock gótico, tornando-se uma figura influente no gênero. O show começou com In the Clouds, seguida por Rise e Wild Flower, uma abertura impactante que rapidamente incendiou o público.
Apesar da diversidade de público devido à presença do Baroness no lineup, ficou claro quem era a atração principal da noite. Em meio a um mar de celulares gravando e alguns fãs mais energéticos pulando, a conexão entre banda e plateia se estabeleceu de forma imediata, apesar da recepção mais fria dos curitibanos.
Atualmente, o The Cult é formado por Ian Astbury (vocais) e Billy Duffy (guitarra), os dois membros fundadores e alma do grupo desde os anos 80. No baixo, Charlie Jones adiciona seu toque refinado, vindo de colaborações com Robert Plant e Goldfrapp, enquanto John Tempesta, ex-White Zombie e Testament, assume a bateria com técnica e peso.
O setlist seguiu com Star, The Witch e uma bela interpretação de Mirror, mantendo a atmosfera intensa do show. No entanto, por mais que Astbury se mostrasse elétrico e tentasse puxar o público com palmas e interações, a plateia curitibana oscilava entre a euforia e uma certa timidez, se soltando de fato apenas nos clássicos mais consagrados. Isso ficou evidente em momentos como Rain, Fire Woman, e especialmente no bis com She Sells Sanctuary e Love Removal Machine, que levaram o público ao delírio.
Mesmo após quatro décadas de estrada, o The Cult continua a demonstrar por que é uma banda essencial no cenário do rock. Com uma música atemporal, presença de palco gigantesca e um repertório que equilibra nostalgia com novas músicas, o grupo reafirma sua relevância a cada apresentação.
The Cult Setlist
- Ride of the Valkyries (Música de Richard Wagner)
- In the Clouds
- Rise
- Wild Flower
- Star
- The Witch
- Mirror
- War (The Process)
- Resurrection Joe
- Edie (Ciao Baby)
- Revolution
- Sweet Soul Sister
- Lucifer
- Rain
- Spiritwalker
- Fire Woman
- Brother Wolf, Sister Moon
- She Sells Sanctuary
- Love Removal Machine
Fotos por Anderson Olsen