O Dia das Bruxas, atualmente comemorado em muitos lugares do mundo no dia 31 de outubro, também joga luz ao turismo de terror e é um convite para relembrar alguns destinos arrepiantes pelo mundo.
Embora não restrita a uma data específica, o turismo de terror ganha mais evidência durante o Halloween e aguça a curiosidade de turistas ao ter localizações aterrorizantes marcadas por histórias macabras e até mal-assombradas como protagonistas.
Halloween é uma palavra abreviada que comprime a frase All Hallows’ Eve, que na tradução em português significa “Véspera de Todos os Santos”.
Acredita-se que o Halloween venha de um antigo festival pagão celebrado pelos povos celtas há cerca de 2 mil anos, o Samhain, que marca o início do inverno – e também, reza a lenda, marcava o começo do ano celta.
As festividades ocorriam principalmente no Reino Unido, Irlanda e Noroeste da França.
Já a tradição de “doces ou travessuras” foi iniciada em áreas do Reino Unido e da Irlanda, onde indivíduos iam de casa em casa pedindo pequenos pães chamados “bolos de alma” em troca de orações.
A atividade foi levada para a América do Norte por imigrantes destes países a partir do Século 19, em que foi mais difundida nos Estados Unidos no século seguinte.
Hoje, inúmeros elementos não originais foram adicionados ao Halloween, como o uso de fantasias e outros que dão uma carga ainda mais aterrorizante à data, como bruxaria, gatos pretos e fogo.
Destinos e atrações horripilantes
A seguir, confira cinco destinos e atrações aterrorizantes pelo mundo que fazem o coração dos turistas bater mais forte:
Nova Orleans, nos Estados Unidos
Animada e acolhedora de dia, Nova Orleans é um caldeirão multicultural com ótima gastronomia e passeios por ruas e estruturas centenárias bem preservadas. Durante a noite, porém, além do jazz que invade o French Quarter, um feitiço mais sombrio cai pela cidade.
Pelo menos é assim que Nova Orleans vem fazendo sua fama. Capital da Louisiana é conhecida mundo afora por ser um local misterioso e mal-assombrado e também muito ligada às raízes do vodu.
Aqui há as lendas do Lafitte Blacksmith Bar, considerado o bar mais antigo dos Estados Unidos. Situado na esquina da Bourbon Street com a St. Phillip, na French Quarter, o local carrega toda uma aura mística: Construída um pouco antes de 1772, a casa é bem escura, marcada por pedra, fogo e madeira em seu interior.
As paredes são carregadas de lendas e mistérios da velha Nova Orleans, em que muitos acreditam que o fantasma do fundador ronda as mesas do ambiente.
Também há o New Orleans Historic Voodoo Museum, pequeno museu dedicado ao vodu da cidade. Segundo o órgão de turismo dos EUA, o vodu de Nova Orleans é um apanhado de influências africanas e europeias que foram misturadas dentro do caldeirão cultural da cidade, levado para lá no início do século 18 por meio do comércio de escravos africanos.
Objetos ligados ao vodu ocupam as paredes do museu. Os tíquetes custam cerca de US$ 10.
O local também oferece passeios a pé pelo famoso Cemitério de St. Louis – onde pode contemplar a sepultura de Marie Laveau, uma das mais importantes praticantes do vodu do país.
Catacumbas de Paris
A Cidade Luz também guarda um lado obscuro. Próximo do cemitério de Montparnasse, as Catacumbas de Paris formam ossuário subterrâneo composto por inúmeras galerias de ossos humanos.
Os túneis, que chegam a 20 metros abaixo do nível do solo, contêm restos mortais de mais de seis milhões de indivíduos empilhados pelas paredes.
Outros números impressionam: são 131 degraus para descer e outros 112 para subir; o circuito tem 1,5 km de extensão; são cerca de 11 mil m² de área e a temperatura média lá embaixo é de 14°C com incidência de alta umidade.
As catacumbas foram abertas ao público em 1809, mas sua história começa ainda no final do Século 18, quando problemas de saúde pública ligados aos cemitérios de Paris levaram à decisão de transferir os mortos para um local subterrâneo.
O ossuário é um dos maiores do mundo e um dos poucos situados no subsolo. Antes de ser aberto ao público, o local passou por um extenso rearranjo decorativo, que o deixou com uma abordagem museográfica e monumental.
O site oficial das Catacumbas não recomenda a entrada de deficientes motores, gestantes, pessoas que sofrem de claustrofobia ou insuficiência cardíaca ou respiratória, assim como indivíduos sensíveis que possam ser incomodados pela atmosfera do local.
Os visitantes que queiram conhecer este outro lado de Paris devem desembolsar 29€ – as Catacumbas ficam abertas de terça a domingo das 9h45 às 20h30.
Salem, nos Estados Unidos
Cidade costeira do Estado de Massachusetts, Salem é o local onde as “bruxas” foram caçadas no final do Século 17 – e onde, agora, são homenageadas, é um dos locais preferidos pelos amantes do turismo de terror.
A identidade cultural da cidade se baseia no julgamento de pessoas taxadas como bruxas. Na década de 1690, mais de 200 pessoas, muitas delas mulheres, foram acusadas de “feitiçaria” e fidelidade ao diabo.
Os acusadores tinham pouca evidência para as acusações, mas tinham o testemunho de vários moradores, principalmente movidos por motivações religiosas.
Dos condenados por feitiçaria, 19 foram enforcados e outros quatro morreram na prisão.
É um dos episódios mais emblemáticos da história americana, em que Salem tenta homenagear nos dias de hoje ao lembrar dos inocentes mortos durante os julgamentos e educar seus visitantes.
A Witch House é a casa do juiz Jonathan Corwin, que presidiu alguns exames de “bruxas” acusadas. É a única estrutura restante em Salem com ligações diretas com os julgamentos.
O local é um gostinho da Salem colonial e está aberto para visitantes todos os dias da semana por US$ 9.
Para os que querem se aprofundar mais na história, o Museu das Bruxas de Salem (entrada por US$ 16.50) e o Museu Peabody Essex (US$ 20) oferecem passeios e exposições durante todo o ano ligados ao tema que ronda a cidade.
Há ainda dois memoriais para as vítimas dos julgamentos: o Salem Witch Trials Memorial, que homenageia as vítimas com bancos de granito com seus nomes, e o Proctor’s Ledge Memorial, que se acredita ser o local onde as 19 “bruxas” condenadas foram enforcadas.
Castelo de Bran, “O Castelo do Drácula, na Romênia
Um dos símbolos da Romênia, o Castelo de Bran, conhecido como a casa do personagem Drácula, fica na fronteira entre as regiões da Transilvânia e da Valáquia e foi erguido no meio de uma floresta no Século 13 e é muito procurado por quem é adepto ao turismo de terror.
Mesmo que o Conde Drácula seja um personagem fictício, acredita-se que o vampiro do clássico livro lançado em 1897 por Bram Stoker tenha sido inspirado por uma pessoa da vida real, o príncipe Vlad Tepes.
Ele era um governador sanguinário conhecido como “O Empalador” que pode ter utilizado o castelo em várias ocasiões ao longo de seu reinado.
Mesmo com elementos da ficção e da realidade que se misturam por meio dos séculos, o castelo ainda guarda tons sombrios, como caixões, túneis e passagens secretas.
Até celebrações de Halloween são organizadas na propriedade, com opções de visitas durante a noite e a madrugada. Tíquetes para entrada regular no castelo custam 9€.
Castelinho da Rua Apa, Cemitério da Consolação e tours, em São Paulo
Engana-se quem pensa que a cidade mais populosa da América do Sul não tenha endereços assustadores no imaginário popular.
É o caso do Castelinho da Rua Apa, ao lado do Minhocão no bairro de Campos Elíseos, em São Paulo.
Construído em 1912 sob moldes de castelos franceses, o local serviu de residência para a família “Dos Reis” até 1937, ano em que três pessoas da família – a mãe e os dois filhos – foram encontradas mortas a tiros ao lado de uma pistola.
Até hoje o crime não foi esclarecido e há diferentes teorias sobre o que teria ocorrido, o que catapultou o mistério e a fama de local mal-assombrado e entrou na rota do turismo de terror.
Após 1982, o local ficou abandonado e em estado degradante – em 2004 foi tombado como patrimônio pela esfera municipal e passou por um processo de restauro, que foi finalizado em 2017.
O local não é aberto para visitação, e, desde 1996, tem os direitos de uso concedidos ao Clube de Mães do Brasil.
Outro local que pode render alguns arrepios na Capital paulista no que diz respeito ao turismo de terror, é o Cemitério da Consolação, que há mais de uma década oferece visitas guiadas, já que a necrópole é considerada um verdadeiro museu a céu aberto.
Fundado em 15 de agosto de 1858, o cemitério possui túmulos de importantes personalidades da cultura nacional, como Monteiro Lobato, Tarsila do Amaral, Ramos de Azevedo, Mário e Oswald de Andrade, assim como obras de emblemáticos escultores, tais como Victor Brecheret, Nicola Rolo e Luigi Brizzolara.
Segundo a prefeitura, os passeios são realizados às sextas-feiras a partir das 14h e podem ser agendados com a assessoria do órgão – visitas autoguiadas também podem ser feitas e contam com distintos roteiros.
Para os que ainda desejam ter uma experiência arrepiante em São Paulo, o SP Haunted Tour faz uma verdadeira expedição noturna por alguns pontos do centro da cidade – o Cemitério da Consolação, o Theatro Municipal, o Largo São Francisco, o Edifício Martinelli e o Castelinho da Rua Apa são alguns locais em que a equipe passa a bordo de um veículo.
Durante o trajeto, lendas urbanas e tragédias são abordadas com o intuito de gerar reflexões sobre as questões que afligem a mente humana e que impactam na rotina da metrópole.