Universidade Estadual de Londrina Prestigia Memória de Júlia com Diploma Póstumo
Na última cerimônia realizada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), no norte do Paraná, uma homenagem emocionante foi prestada à jovem Júlia Beatriz Garbossi Silva, que perdeu a vida aos 23 anos de idade. O diploma póstumo da estudante, que cursava o quinto semestre de Ciências Sociais, foi entregue aos seus pais, Cleverton e Angelita, em uma cerimônia que visa perpetuar a memória da jovem tragicamente assassinada por um perseguidor obsessivo da amiga dela. Este evento de homenagem, que ocorreu em 5 de outubro, foi uma iniciativa promovida pelo Observatório de Feminicídios de Londrina (Néias) em conjunto com o Laboratório de Estudos de Feminicídios (LESFEM).
Impacto do Crime e a Homenagem a Outras Vítimas
A tragédia que levou à morte de Júlia teve repercussões além da perda pessoal, impactando a comunidade acadêmica e a sociedade local ao destacar a gravidade dos crimes de perseguição. Este tipo de crime, frequentemente descrito pelo termo em inglês “stalking”, despertou um amplo debate sobre segurança e proteção, especialmente para as jovens mulheres. O Conselho Universitário da UEL decidiu prestar esta homenagem como parte de um esforço para honrar não apenas Júlia, mas outras mulheres que também foram vítimas de violência. Durante a cerimônia, outras vítimas foram lembradas, incluindo Andreia de Jesus Cabra e Rúbia Graziele de Almeida, ambas assassinadas em 2004; Tathiana Name Colado Simões, em 2012; Lua Padovani, encontrada morta em 2017; e Sandra Mara Curti, que foi morta em 2020 por seu ex-companheiro.
A Tragédia que Abalou Londrina
O trágico ataque ocorreu nas primeiras horas do dia 3 de setembro de 2023, no bairro Jardim Jamaica, localizado na região oeste de Londrina. Júlia estava na casa de uma amiga, junto com o namorado dela, Daniel Takashi, de 22 anos. O agressor, Aaron Delesse Dantas, de 26 anos, invadiu o local e começou a atacar as pessoas presentes. Segundo informações fornecidas pela polícia, a sobrevivente do ataque, que havia trabalhado com Aaron e era alvo de sua obsessão nas redes sociais, declarou que nunca teve qualquer envolvimento romântico com o agressor, embora ele estivesse interessado nela de forma indesejada.
Detalhes do Ataque e a Captura do Criminoso
Durante o ataque brutal, a sobrevivente acordou com Aaron em cima dela, inicialmente acreditando tratar-se de paralisia do sono. Contudo, ao perceber a realidade do ataque, ela começou a clamar por ajuda. Júlia, ao ouvir os gritos, correu até o local apenas para enfrentar o agressor, sofrendo golpes fatais. Daniel também não resistiu aos ferimentos causados pelo ataque antes que o socorro chegasse. Em uma manobra de sobrevivência, a jovem sobrevivente conseguiu convencer Aaron a levá-la a uma unidade médica após alegar precisar de atendimento devido aos ferimentos. Foi na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sabará que ela revelou a verdadeira extensão dos eventos aos profissionais de saúde, que prontamente chamaram a polícia. Aaron foi preso no local e permanece detido no Complexo Médico Penal de Curitiba, enquanto aguarda julgamento após ser acusado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) de crimes que incluem homicídio qualificado e stalking.
O caso de Júlia e as homenagens realizadas em sua memória chamam a atenção para a necessidade de ações mais efetivas contra a violência e perseguição que muitas mulheres enfrentam diariamente. A cerimônia de entrega do diploma póstumo representa um passo na busca por justiça e reconhecimento das vidas tragicamente interrompidas por atos de violência.
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Fonte: g1 > Paraná

