Um dos principais símbolos da gastronomia paranaense, o barreado do Litoral foi o centésimo produto brasileiro reconhecido com a Indicação Geográfica (IG), que garante padrões de preparo e qualidade a produtos típicos de determinada região.
O anúncio foi feito pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), que já reconheceu outras 11 IGs do Paraná.
O prato, que possui preparo típico e segue tradições de mais de 200 anos, foi registrado na modalidade Indicação de Procedência (IP).
A Indicação Geográfica foi concedida à Associação de Restaurantes e Similares de Morretes e Região, que engloba 11 restaurantes de Morretes, Antonina e Paranaguá.
O pedido de registro, que recebeu apoio do Sebrae/PR, foi protocolado em de abril de 2021, mas o processo para buscar o reconhecimento vinha desde 2014.
Terceiro Estado com mais reconhecimentos de origem no Brasil, o Paraná possui agora 12 produtos com o registro de IG.
Além do Barreado do Litoral, também foram certificados a Bala de Banana de Antonina, o Melado de Capanema, a Goiaba de Carlópolis, o Queijo de Witmarsum, as Uvas de Marialva, o Café do Norte Pioneiro, o Mel do Oeste, o Mel de Ortigueira, a Erva-mate São Matheus – do Sul do Paraná, o Morango do Norte Pioneiro e os Vinhos de Bituruna.
Para o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Everton Souza, além de valorizar os produtos paranaenses, o reconhecimento incentiva o turismo e a geração de renda das pessoas envolvidas nessa produção.
“Ter um prato típico do nosso Litoral reconhecido nacionalmente com a Indicação Geográfica representa que a nossa história está sendo contada para quem ainda não a conhece. O barreado não é apenas um prato da culinária local. É uma cultura, uma tradição da comunidade que vive onde o Paraná começou a ser construído.”, diz.
“A conquista da 12ª IG paranaense é resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido desde 2012, quando o Café do Norte Pioneiro recebeu a primeira certificação do Paraná, e que seguirá para os próximos anos.”, destaca o diretor-superintendente do Sebrae/PR, Vitor Roberto Tioqueta.
Para Tania Madalozo, presidente da Associação de Restaurantes e Similares de Morretes e Região, o registro vai valorizar ainda mais o prato que é a cara da culinária paranaense.
“O barreado é conhecido no Brasil e até fora do País como um o principal prato típico do Paraná. Nós já temos o reconhecimento do público, mas essa certificação vai dar ainda mais visibilidade aos restaurantes de Morretes, Antonina e Paranaguá. É a valorização de um prato, que por seu preparo e qualidade, é característico do Litoral do Paraná”, ressalta.
Prato típico
O preparo tradicional do Barreado do Litoral foi herdado da região de Açores, de Portugal, mas acabou adaptado à realidade do Litoral paranaense, com o uso de alimentos típicos da região.
O prato é feito à base de carne bovina, que é cozida por no mínimo oito horas em uma panela fechada com goma de farinha de mandioca.
Após o cozimento, a carne desmanchando é servida com farinha de mandioca branca e banana, segundo a documentação apresentada ao Inpi.
“A goma de mandioca sela o recipiente, que funciona como uma panela de pressão. Quando a carne ferve, a massa de mandioca racha para liberar a pressão, assim como a válvula da panela. É a partir desse momento que começa a contagem do cozimento.”, explica Tania Madalozo.
Tradição
Embora o barreado seja produzido e degustado há mais de 200 anos em toda a região litorânea do Estado, as comprovações apresentadas ao Inpi demonstram que sua notoriedade se relaciona diretamente aos municípios de Antonina, Morretes e Paranaguá que, devido à sua proximidade, cresceram de forma entrelaçada, gerando o compartilhamento de elementos culturais e tradições.
A Associação de Restaurantes de Morretes e Região estima que os 11 estabelecimentos associados sirvam de 2,5 mil a 3 mil pratos de barreado por fim de semana, seguindo o modo de preparo típico que marca a cultura litorânea.
Indicação geográfica
O reconhecimento da origem de determinados produtos, como a champanhe francesa ou o queijo Roquefort, por exemplo, é comum em outros países, principalmente na Europa.
O Brasil passou a fazer a certificação há 20 anos – o primeiro registro foi concedido pelo Inpi em 2002 aos vinhos do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul.
Das 100 IGs brasileiras, 76 são Indicações de Procedência, onde a região é conhecida por seu produto ou serviço, e 24 são Denominações de Origem, quando o produto ou serviço possui características e qualidades decorrentes de fatores naturais e humanos.
Cerca de 70 outros produtos estão em processo de obtenção da IG no País.